Cerca de 142 casos de tráfico de seres humanos foram registados no país, no período de 2014 a 2023, informou ontem, Quarta-feira, o director para os direitos humanos do Ministério da Justiça e dos Direitos Humanos, Yanik Bernardo.
Do total dos casos, 20 porcentos já foram julgados e outros seguem os trâmites legais, segundo o responsável que falou à margem do workshop sobre prevenção e combate ao tráfico de seres humanos, realizado em Luanda no quadro do mês da juventude, sob orientação da secretária de Estado para os Direitos Humanos, Ana Celeste Januário.
O director referiu que o tráfico de seres humanos acontece de forma mais acentuada nas províncias fronteiriças, dando como exemplo Cunene, com 60 casos, e Lunda Norte com cinco.
Segundo Yanik Bernardo, a capital do país joga um papel fundamental na questão do tráfico de seres humanos, devido a componente internacional, tendo aventado um registo geral de 42 casos.
“Temos uma incidência sobre as províncias fronteiriças, com particular realce a de Cabinda que faz fronteira com dois países que têm registado um fluxo migratório intenso com Angola”, disse o responsável que sublinhou também a província da Lunda Norte nesta senda.
Informou que os traficantes são, na sua maioria, cidadãos oriundos das repúblicas Democrática do Congo, da China, do Vietname, entre outras.
“Angola não é só um país de destino, mas também de origem, porquanto saem daqui muitas angolanas traficadas para Portugal, Vietname e Laos que são aliciadas com promessas de vida melhor, assim como emprego”, realçou.
Falou ainda de casos de crianças que são retiradas da tutela dos pais com promessas de vida melhor e que acabam por serem colocadas no trabalho infantil, inclusive forçado.
Revelou que foram catalogados três casos de crianças, provenientes da província do Huambo, a trabalharem na cidade do Kilamba, em Luanda.
O referido workshop tem como objectivo prevenir, despertar e apresentar nos jovens as diferentes formas de combate ao tráfico de seres humanos.
Na ocasião, a secretaria de Estado para os Direitos Humanos, Ana Celeste Januário, revelou que os jovens estão entre os mais traficados, sendo uma percentagem de 47 homens e 41 mulheres.
Apontando a base de dados do Ministério da Justiça e dos Direitos Humanos, argumentou que as províncias de Luanda, Cunene, Lunda Norte, Zaire, Uíge e Cabinda são as mais visadas por este fenómeno.
Para tentar inverter o quadro, frisou que o Governo tem realizado campanhas de educação nas escolas e trabalha com as diversas instituições, incluindo transportadoras, polícia Aduaneira e de Guarda Fronteiras, pessoal aeroportuário, entre outros que podem ajudar a sinalizar ocorrências do género.