Com os três filhos a estudarem no Colégio Fermas, situado no projecto O Lar do Patriota, Edna Dias gasta, anualmente, cerca de 145 mil kwanzas, para obter a pilha de livros solicitada pela instituição, mas considera ser um investimento que vale a pena, a julgar pelo conteúdo que o material traz, que leva os seus educandos a uma aprendizagem mais rápida e com qualidade. “Pelo menos, não tem aqueles erros que nós detectamos no material do ensino público.
Para além do próprio conteúdo, é a própria qualidade do material em si. É boa”, considerou, referindo que compra os livros aos preços de 62 mil, de 60 mil, e de 23 mil kwanzas, para os filhos da 1ª, 7ª e 10ª classes, respectivamente. Para uma outra encarregada, desta vez do colégio Elisângela Filomena, a educação com os livros da editora Plural tem sido satisfatória, a julgar pela evolução dos filhos. Catarina de Sousa destaca a capacidade dos seus educandos em abordar a realidade das coisas, com um certo nível de inteligência que, acredita, só foi possível atingir pela qualidade do ensino – que também depende da qualidade dos manuais.
“Estou de acordo que o Colégio continue a usar este manual da Plural, até porque tem sido uma vantagem para os nossos filhos.O meu está com seis anos e estuda a 2ª classe. Admiro muito a sua capacidade de interpretar os factos do dia-a-dia. Deve-se ao uso de bons manuais. São caros, mas valem a pena”, avançou.
Encarregados alegam textos racistas Num vídeo de pelo menos seis minutos, posto a circular nas redes sociais, surgem dois senhores, aparentemente cônjuges, um dos quais encarregado de educação de um menor, a tecerem várias críticas contra um texto do livro de Língua Portuguesa, da 5ª Classe, da Plural Editores. Segundo o casal, o livro em questão comporta pelo menos dois textos cujos conteúdos discriminam as pessoas negras. Tratam-se dos textos a “Kiôka” e o “Meninos de Todas as Cores”, dos quais leu trechos, que, supostamente, promovem o racismo, razão pela qual entendeu que o livro não dá bases, para a criação de uma sociedade desenvolvida coesa e forte.
“És negra, andas de luto, por tua raça infeliz”, leu este último parágrafo do texto a Kiôka, para depois fazer a leitura do “Menino de Todas as Cores”: “É bom ser negro como a noite; preto como azeitonas; preto como as estradas que nos levam em toda parte”, leu, considerando ser “muito grave”. Por estes textos, disse não entender a razão de as instituições priva- das utilizarem livros de outras editoras, em vez dos materiais distribuídos pelo MED.
Plural pondera substituição dos textos
Por conta das várias interpretações, que o texto pode permitir, a Plural Editores avança, em nota de esclarecimento, que está prevista a substituição dos textos em referência, por outros, que não precisou. A decisão foi tomada apesar de a organização entender que o conteúdo nada tem a ver com o racismo. “Na génese desta opção editorial está a promoção dos referidos valores. No entanto, compreendemos que este texto poderá levar a diferentes interpretações, motivo pelo qual já estava prevista a selecção de um novo conteúdo textual, o qual será incluído numa próxima edição, em substituição deste”, lê-se.
A Plural Editores esclarece que o livro “Língua Portuguesa, 5ª Classe, da Teoria à Prática” é um material de apoio escolar que agrega, não só conteúdos teóricos, como práticos. A nota acrescenta que, de forma a promover a concordância com o programa oficial vigente, são utilizados alguns dos textos seleccionados nos livros distribuídos pelo Estado, como é o caso do poema “Kiôka”, que pode ser encontrado em várias edições do manual escolar oficial de Língua Portuguesa, da 5ª Classe.
Através deste texto, acredita, e dos exercícios que o acompanham, o professor poderá promover o de- bate em sala de aula sobre questões históricas, sociais e culturais do país, paralelamente à abordagem dos diferentes aspectos linguísticos. A nota avança que, no que diz respeito ao texto “Meninos de To- das as Cores”, foi intenção dos autores desse livro seleccionar um conteúdo que, através de recursos estilísticos, abordasse a diversidade, a inclusão e a fraternidade. “Este texto pode ser didacticamente trabalhado, sob orientação dos professores, de forma a salientar a importância do respeito pela diferença e pela individualidade de cada um”, explica.