Insatisfeitos com os resultados do edifício, que recebeu “luz verde” para ser demolido, os moradores, contabilizados em 41 famílias, que estão desde o dia 22 do mês de Abril fora dos imóvel, garantem não ter recebido uma notificação oficial do LEA, razão pela dizem desconfiar do comunicado e reforçam a objecção em relação ao Mayé-Mayé, urbanização indicada pelas autoridades para os albergar
O comunicado do Laboratório de Engenharia de Angola (LEA), que concluiu que, pelo elevado grau de risco por instabilidade e insegurança estrutural, é aconselhável a demo- lição do edifício Lote-1 do Prenda, na Maianga, voltou a crispar a relação entre os moradores da Zona e o Governo Provincial de Luanda. Insatisfeitos com os resultados do prédio, que recebeu “luz verde” para ser demolido, as mais de 41 famílias que habitam o imóvel, afastados do mesmo deste 22 do mês de Abril, garantem não ter recebido qualquer notificação oficial do LEA, razão pela qual dizem desconfiar do comunicado.
Yuri Pinto é o presidente de moradores do Lote-1 do Prenda. Preocupado e “com a vida ao avesso”, como o próprio considera estar ele e os demais moradores, disse, em declarações a OPAIS, que a comunicação sobre a “ordem” de demolição do prédio lhes foi passada pela Administração Municipal de Luanda, entidade que, segundo o munícipe, desde o primeiro dia mostrou não ter competência sobre o assunto.
De acordo com Yuri Pinto, uma vez que a administração municipal de Luanda tem demostrado estar fora do alcance da solução desde o dia em que os moradores foram evacuados, devido ao abano nas estruturas do prédio, não seria também esta entidade a passar-lhes a informação sobre uma futura demolição do edifício. “Não acreditamos nesse comunicado, porque a Administração de Luanda tem dito que a nossa situação é um assunto que ultrapassa a sua competência. Logo, não pode ser ela a nos dar a informação, até por uma questão de respeito”, apontou o representante das 41 famílias que habitavam no Lote-1.
Exigência
Com um clima tenso, por não puderem regressar ao edifício, que era o sonho da larga maioria dos moradores, exigem melhor explicação do LEA com os respectivos laudos e comprovativos que atestam que a solução do Lote-1 do Prenda passa, unicamente, pela sua demolição.
Não ao mayé-mayé
Os moradores voltaram a dizer não a uma possível ida ao Mayé- Mayé, urbanização indicada pelas autoridades para albergar as 41 famílias. Representando a voz dos moradores, Yuri Pinto reafirmou que a urbanização, localizada no municio de Cacuaco, não tem as mínimas condições para albergar os populares, referindo-se ainda à distância que, no seu entender, é outro dos impasses. De acordo com o Yuri Pinto, a urbanização do Mayé-Mayé carece de vários serviços básicos, desde escolas, hospitais, vias e outras condições indispensáveis a uma vivência harmoniosa. “Não negamos abandonar o Prenda, mas pelo Mayé-Mayé não. Aquilo não tem nada. Se formos para lá será uma vida difícil. E não queremos isso para os nossos filhos”, explicou.
Dialogar com as famílias
O administrador-adjunto para Área Técnica do município de Luanda, José Bessa, garantiu que a sua instituição vai continuar a dialogar com as famílias no sentido de convencê-las a seguirem para o Mayé-Mayé. Segundo José Bessa, as autoridades continuam abertas para negociações, pelo que as famílias devem alinhar sempre para o diálogo para a resolução de quaisquer impasses ou entendimentos. Em relação à situação do Mayé-Mayé, José Bessa assegurou que as condições estão criadas para que as famílias sigam para aquela urbanização, devendo, apenas, os moradores tomarem uma atitude para o efeito.
Por outro lado, José Bessa reconheceu as dificuldades que as famílias estão a passar, desde que foram forçadas a abandonar o prédio, mas apelou para o bom senso dos moradores em aceitarem o Mayé-Mayé para se ultrapassaro impasse que perdura há meses. De referir que, no passado dia 22 do mês de Abril, 41 famílias foram evacuadas do edifício n.º 1 dos lotes do Prenda depois de se ter registado vibrações na sua estrutura e constatado um ris- co iminente de desabamento.