O grupo empresarial Omatapalo, por via de uma subsidiária, a ONTUR, vai explorar, durante 12 anos, mediante contrato, um empreendimento projectado para Centro Regional Sul de hotelaria e turismo, agora transformada em hotel de três estrelas, localizada em Benguela, à margem direita da Estrada Nacional 100, percurso Lobito/Benguela
A referida empresa investiu cerca de 3 mil milhões de kwanzas para a conclusão desta imponente infra-estrutura que foi inicialmente projectado como centro de formação em hotelaria e turismo, pelo Instituto de Fomento ao Turismo (INFOTUR), instituição adstrita ao Ministério da Hotelaria e Turismo. O corte da fita inaugural do empreendimento, que conta 132 quartos, ginásio, salas de conferências, entre outras áreas, coube ao governador provincial, Luís Nunes.
Após proceder à inauguração, Luís Nunes percorreu às dependências, recebendo explicações sobre o normal funcionamento e valências de um empreendimento hoteleiro que aumente a oferta de hotéis na província de Benguela. Denominado “Flow Hotel”, a unidade gerou 80 postos de trabalho directos e indirectos, no âmbito de parcerias com outras empresas, foi igualmente possível criar 140 empregos. Construída com fundos públicos, a estrutura como tal já existia e tinha sido votada ao abandono e, por conseguinte, havia a necessidade de apetrechá-la.
Para essa empreitada, a ONTUR, subsidiária do Grupo Omatapalo, criada há dois anos, garante que, em equipamentos e capacitação de pessoal, foi feito um investimento estimado em cerca de 3 mil milhões de kwanzas. O director-adjunto do hotel, Agostinho Julante, reiterou que a aludida empresa vai, nos próximos doze anos, explorar o hotel. “Sabemos que o Estado Angolano está a trabalhar agora no PROPIV, para privatizar alguns bens para gerar mais lucros, naturalmente, o Estado angolano ganha”, sustentou, escusando-se em revelar aos jornalistas o valor a pagar regularmente ao Estado pela exploração do imóvel hoteleiro.
O gestor hoteleiro adianta que a concessão inclui a opção de compra, mas não entra em pormenores em relação a isso, tendo prometido, num momento a posterior, avançar mais detalhes à volta do assunto. Questionado se a ONTUR era concorrente em várias redes de hotéis que vão ser privatizadas em Angola pelo Estado angolano, apreendidos no âmbito da recuperação de activos, conforme informações, Agostinho Julante não responde afirmativamente com o argumento de que o foco, numa primeira fase, era o “Flow Hotel Benguela”. “Caso a direcção ache necessário expandir para outros fins, numa circunstância a posterior iremos anunciar”, esquivou-se.
Benguela com número de hotéis suficientes
Embora não se tenha referido números, a directora do Gabinete Provincial Hotelaria e Turismo, Rosa Tchitali, revelou, à imprensa, que com a entrada em funcionamento da unidade, Benguela passa a ter um número de hotéis considerados suficientes, em função da demanda turística.
Rosa Tchitali explicou que antes de o Flow ter posto à disposição 132 quartos, Benguela já contava com mais de 2 mil quartos. No que respeita a turistas, a responsável fala de uma média anual na ordem de mais de mais de cinco mil pessoas. “Falou isso porquê? Porque nós atravessamos um mau momento há bem pouco tempo da Covid, em que o movimento das pessoas diminuiu. É só vermos que, agora, na província de Benguela, quase que não temos discoteca. Está a acontecer isso por causa de algum movimento”, associa a titular do turismo em Benguela. Entretanto, apesar disso, ela dá nota da existência de vários projectos para abertura de mais hotéis na província. “Nós, nesse aspecto, vamos contando com os privados.
Vamos incentivando os empresários para que possam investir mais nessas áreas para que possamos ter mais oferta e turistas”, referiu. Por sua vez, o antigo presidente da Associação dos Hoteleiros de Benguela, Jorge Gabriel, ressaltou que o Flow “desalojou” a escola de hotelaria, todavia louva o investimento feito pelo grupo Omatapalo, por via da ONTUR, sua subsidiária. O hoteleiro não tem dúvidas de que foi feito um melhor aproveitamento do espaço. “Porque quem viu isto ontem e está a ver hoje, é mesmo de tirar o chapéu pela grande casa que aqui está”, frisou. Acrescentou de seguida que “é bem verdade que hoje gostaria de estar aqui na inauguração da grande escola regional centro e sul de Angola. Não. O sentido formação é fundamental (…) Mas está dentro do espírito dos donos a continuidade em termos de formação”. De salientar que na apresentação da unidade hoteleira, foi enaltecido o facto de a unidade ter criado postos de trabalho, não tendo faltado quem tivesse também lamentado que, doravante, Benguela ficaria definitivamente sem um centro de formação em hotelaria e turismo.
POR: Constantino Eduardo, em Benguela