Entre 2017 e 2019, conforme referiu a fonte, o troço que liga o posto de abastecimento da Sonangol e os bancos BFA e BIC, ficou conhecido pelos motoqueiros dessa altura como a estrada da morte, pelo facto de alguns moto que operavam no bairro terem perdido a vida aí, por acidente de viação.
Manuel Grão chegou no Ramiro, município de Belas, em Luanda, em 2006, vindo da municipalidade de Longonjo, província do Huambo.
Seis anos depois, o jovem, que contava, então, com 24 anos de idade, frequentou o ensino médio, no PUNIV da referida localidade, na esperança de, quando formado, encontrar um emprego.
Entretanto, as coisas não correram como esperava e, no final de 2016, teve de sujeitar-se ao trabalho de moto-táxi, para poder sustentar a sua família de casa.
“Embora estava a ser a época de muitos acidentes mortais, entre as bombas da Sonangol e o cemitério do Ramiro, no princípio, eu conseguia cumprir com as exigências do proprietário da motorizada e levava algum dinheiro para casa.
Mas isso não durou muito, porque, em Junho de 2017, aconteceu o inesperado acidente, que mudou a minha condição de vida”, contou Manuel Grão, para quem o encontro com a morte não aconteceu, por graça Divina. Lembrou que, nesse dia, já estava a largar, mas lhe apareceu uma senhora a clamar por ajuda para deixa-la no vizinho bairro da Cateba.
Comovido com as razões apresentadas pela passageira, Manuel Grão, decidiu abrir uma excepção ao seu horário e pôs-se a caminho do destino invocado pela cliente.
“Quando me aproximava ao terminal da Macon, nas barracas do lado oposto ao do estabelecimento da transportadora interprovincial, ´Nas Bruxas´, como é vulgarmente conhecido pelos moradores e frequentadores, havia uma ´maratona´, o que precipitava muita gente para a beira da estrada.
Foi aí, que, de repente, o condutor de um Rav 4, entra para a via, sem respeitar a prioridade”, lembrou o entrevistado, que disse ainda ter tido tempo para sair da estrada.
Para piorar a sua situação, foi o que o motorista também resolveu fazer, no momento, tendo-se colidido, no limite da rodovia.
Quando deu por si, estava a ser socorrido num centro de saúde do Ramiro, onde se apercebeu que a sua passageira teve fracturas mais graves do que a sua e foi, prontamente, levada para um hospital com serviços extensivos.
“Só não morremos graças a Deus. Só que, até hoje, eu estou bastante traumatizado e, quando vejo uma motorizada, vem-me à memória toda ocorrência daquele dia”, disse nostálgico, tendo revelado que o seu trauma aumenta ainda mais, quando olha para as mazelas na perna esquerda, onde ainda a ferida volta a abrir, ao pressionar-se essa região de um dos seus membros inferior.
Perturba-o também, quando se depara com a passageira do dia ´fatídico´, já que, segundo fez constar, até à data desta conversa, a senhora ainda coxeia, por conta do acidente.
Manuel Grão lembrou que o seu tratamento durou dois meses e mesmo assim herdou uma cicatriz que não cicatriza e o receio de andar de motorizada.