Nos 50 ecopontos instalados na cidade de Luanda, segundo o responsável da associação Nação Verde, Nuno Cruz, são retirados mais de 90 toneladas de lixo/mês, recolhidos de forma selectiva, entre papelão, latas, garrafas de vidro e garrafas de plástico
Os resíduos mais recolhidos nos ecopontos são as garrafas de plásticos, que semanalmente são recolhidas cerca de duas toneladas em 50 pontos da cidade de Luanda. Nuno Cruz defende que o projecto de ser replicado em outras localidades carece de apoio.
Depois das garrafas de plásticos, o resíduo mais recolhido é o papelão, de seguida o vidro e as latas. Assim, mensalmente podem recolher 20 toneladas de papelão, 15 de latas, 30 toneladas de garrafas de vidro e mais de 25 toneladas de garrafas de plástico.
Nuno Cruz afirmou que a maior preocupação da sua associação não é apenas colocar ecopontos em determinados sítios, mas sim educar a sociedade para que façam melhor gestão dos resíduos sólidos, apesar de que têm registado uma mudança significativa da população onde estão localizados os ecopontos.
Ainda têm registado uma ignorância elevada dos cidadãos, pelo facto, apela que se invista na educação ambiental com urgência.
Actualmente, a Nação Verde está a fazer uma campanha de sensibilização, inquérito, no âmbito do projecto Recicla Mais, onde auferiu que 90% das famílias nunca ouviram falar da recolha selectiva ou ecopontos, e desconhecem as cores da recolha de resíduos.
“O trabalho está a ser realizado na baixa da cidade, com objectivo de promover a qualidade de vida dos cidadãos, para tal se pretende sensibilizar 126 mil e 600 pessoas com 30 voluntários em campo”, frisou Nuno Cruz.
Segundo Nuno Cruz, a sensibilização e palestras têm sido feitas nas escolas e comunidades, onde as pessoas são orientadas a separar os resíduos orgânicos dos não orgânicos e entregar aos catadores.
Porém, nas zonas onde não tem esta figura (catadores), a Nação Verde criou os eco- pontos e posterior a iniciativa recicla mais.
Nação Verde defende gestão circular de resíduos Até ao momento, estão criados cerca de 80 ecopontos, localizados nas principais escolas da cidade de Luanda, em zonas estratégicas do distrito urbano da Ingombota, para reforçar a iniciativa Recicla Mais.
Para o êxito da sua implementação, a Nação Verde integrou e formou 20 catadores, que passarão a recolher os resíduos nos ecopontos de forma segura.
“Todos os resíduos depositados aos ecopontos não vão parar para o aterro sanitário, mas sim ao centro de triagem da Nação Verde e, posteriormente, são enviados às fábricas de transformação”, disse Nuno Cruz.
A preocupação actual é o modelo de gestão de resíduos a nível nacional, que é linear, isto porque os resíduos que as operadoras recolhem nas comunidades não é valorizado, depois de recolhidos num determinado ponto é depositado no aterro.
Aquela situação representa perigo não apenas para a comunidade que reside na zona, segundo o entrevistado, como para o meio ambiente, tendo em conta que as infra-estruturas e a tecnologia dos aterros não garantem a segurança para proteger o solo e o subsolo.
Nuno Cruz entende que o país deveria adoptar a gestão circular, tal como a sua associação está a implementar no projecto Recicla Mais, onde estão a promover a educação ambiental, sensibilizar a população em geral, assim como fazer a promoção de uma verdadeira logística reversa e economia circular.
Em função do projecto Recicla Mais, a nível das comunidades, se regista menos resíduos, assim como os contentores, os resíduos recolhidos pelos catadores geram receitas para os mesmos, assim como para a associação.
Falta de centros de transferência dificulta trabalho de reciclagem
A Glopol Angola é uma empresa dedicada à reciclagem de plásticos, utilizando tecnologia de ponta para transformar estas garrafas em matéria- prima, equivalente a virgem, para reutilização no mesmo produto.
Segundo o CEO da empresa, Manuel Vara, por mês, a sua firma recolhe, nos centros de transferência, 250 toneladas de garrafas de plástico.
Almejam chegar às 500 toneladas, e para tal é necessário o apoio para aumentar os depósitos, assim como os seus equipamentos. Manuel Vara afirmou que a tecnologia de descontaminação que usa na sua empresa é patenteada e aprovada pelas grandes empresas multinacionais, como a Coca-Cola.
Trabalham na área de gestão de resíduos de embalagens há 20 anos, tendo iniciado com a reco- lha em empresas de produtos industriais, que também produzem paletes, grades de plástico, entre outros.
Contou que os resíduos são recolhidos em centros de transferência, onde são depositados os plásticos por catadores, pequenas empresas e cooperativas. Contam com uma frota que recolhe nestes centros e faz chegar às fábricas.
O projecto de reciclagem de garrafas de plástico começou em 2023, e, até ao momento, tem corrido bem, mas poderia ser melhorado, com a parceria com grandes empresas.