O processo de educação deve começar na base e ser intensificado todos os dias, para que, na fase adulta, as pessoas aprendam a conviver com as diferenças, disse a primeira secretária da mesa da Assembleia Nacional
POR: Domingos Bento
Para além de todos os programas do Governo, já em acção, com vista a pôr fim à violência doméstica (desde a lei, programas de sensibilização e penalização), a primeira secretária da mesa da Assembleia Nacional, Emília Carlota Dias, disse, ontem, ao OPAÍS, que a diminuição, ou até mesmo o fim dos casos de violência passam por um processo permanente de assistência e de educação das famílias angolanas. Segundo defendeu, à margem do Workshop Março Mulher, em Luanda, é preciso que se eduque permanentemente as famílias a optarem pelo diálogo como o único instrumento de resolução de conflitos dentro do lar.
Esse processo, no seu entender, deve começar na base e ser intensificado todos os dias, para que, na fase adulta, as pessoas aprendam a conviver respeitando a diferença. A violência não é o caminho certo a seguir, por constituir um facto desestabilizador e de tragédia que deixa as famílias cada vez mais vulneráveis e fragilizadas. “Violência gera violência. E o nosso apelo cinge-se no diálogo entre as famílias. É sempre o mais saudável e o mais salutar”, defendeu. Por outro lado, a também deputada frisou que o papel da mulher é relevante, não apenas por ser mãe, mas por ser um ser que, por si só, continua a ultrapassar as barreiras à emancipação.
A conquista de espaços
Por seu turno, Adjany Costa, bióloga, disse que o espaço das mulheres deve ser conquistado por elas mesmas e não pelos homens. Para ela, é preciso que as mulheres se afirmem, apesar de todas as dificuldades, e conquistam o seu lugar no universo de tarefas e actividades que outrora eram direccionadas apenas aos homens. Também presente, o ministro da Administração Pública, Trabalho e Segurança Social, Jesus Maiato, defendeu a contínua realização de acções que permitam um debate sadio e construtivo sobre o papel da mulher na sociedade, na defesa dos direitos humanos, tendo em vista a busca de soluções consensuais para os seus problemas. Segundo o governante, Angola caminha de forma irreversível para um maior equilíbrio do género em todos os níveis da estrutura social do Estado. A mulher angolana representa a vanguarda da reserva moral e o pilar de sustentabilidade e consolidação da paz, da pacificação social e da reconciliação nacional, na medida em que começa a assumir, de forma diferencial, um papel muito activo na vida económica, politica e social do país.