A coordenadora do núcleo das mulheres taxistas e cobradoras do município do Kilamba Kiaxi, na província de Luanda, Domingas Álvaro, disse que muitas das suas associadas, que buscam nesta ocupação uma fonte de sustento das famílias, têm sofrido discriminação por parte dos utentes
O dia-a-dia dessas mulheres tem sido coberto de desrespeito por conta da escolha de ficar na porta de um táxi e exercer uma actividade que era anteriormente detida pelos homens. Entretanto, a vontade de garantir o sustento tem falado mais alto, segundo Domingas Álvaro. A coordenadora do núcleo das mulheres taxistas e cobradoras do município do Kilamba Kiaxi fez tal desabafo em entrevista exclusiva ao jornal OPAÍS, numa altura em que a ANATA reunia para tratar, dentre outros aspectos, da situação social dos taxistas.
Em todo país, a associação conta com mais de mil mulheres cobradoras e, deste número, mais de 200 se encontram na província de Luanda a exercerem a actividade. Com o rendimento diário que recebem por conta deste trabalho, sem precisar o valor, conseguem cobrir algumas despesas das suas famílias. “São mulheres desempregadas e este trabalho tem-lhes ajudado bastante, mas, infelizmente, muitos ainda discriminam ou desrespeitam as cobradoras. Dizem que as mulheres não podem realizar trabalho dos homens.
Encontramos falta de apoio por parte de familiares, vizinhos, passageiros entre outros”, disse. Domingas Álvaro referiu que tendo em conta as dificuldades da situação social e económica do país, procuram fazer alguma coisa para que não falte o pão para os seus filhos, visto que muitas das suas associadas também são mães solteiras. Está é uma das formas que encontraram para saírem do desemprego. Manifestou ainda que um dos objectivos das mulheres que dirige é, a curto prazo, deixarem de ser cobradoras e passarem a trabalhar como mulheres taxistas.
“Ser cobradora não é um trabalho vergonhoso, apenas dá dinheiro, que nos ajuda a suprir as nossas necessidades, como as outras actividades“, disse ela, que é mãe de quatro filhos e tem recebido apoio do esposo. Apela às mulheres no sentido de ‘‘deixarem de viver no conformismo, a buscarem não ser dependentes dos maridos, pais ou outros familiares. Nós, mulheres, devemos definir o que vamos ser e o que pretendemos fazer”, rematou.