Uma cidadã nacional está a ser acusada de homicídio qualificado, pelo facto de, na sequência de uma briga, desferir um golpe mortal com gargalo de garrafa, na região do tórax do seu companheiro com quem viveu 15 anos, no distrito urbano da Maianga, em Luanda
O ano de 2022 estava com horas contadas para terminar. Viviam-se os últimos momentos do ano transacto, e, por isso mesmo, Catarina João jubilava num convívio com o marido e com as amigas próximo da residência que partilhavam. O ambiente era de paz e de alegria sem-par. Se o destino permitisse que a jovem mulher, após os cumprimentos calorosos pela passagem de ano fosse à casa com o seu cônjuge, a história, possivelmente, teria um curso diferente.
No entanto, Catarina despediu-se do marido, pedindo que ficasse despreocupado consigo, porque estaria com as amigas nas proximidades. Foi assim que a acusada se viu “livre” para deambular entre casas das amigas, por onde não faltavam pessoas eufóricas para comprar e oferecer cervejas. O ambiente comemorativo pela passagem de ano continuava com o consumo de bebidas alcoólicas, até recordar que precisava descansar, porque o casal agendou uma visita a um familiar quando caminhou em direcção ao seu aposento.
Eram quase 4 horas. Perto da casa sem quintal, conseguiu ver o ma- rido sentado à porta que dá acesso à sala, o que achou estranho, sem, no entanto, deixar de seguir em direcção ao abrigo que conseguiram com muito trabalho. Sem entender a razão, Alberto Congo levantou-se contra si com agressões físicas. “Encontro ele sentado na porta de entrada para a sala. Sequer me aproximei dele, logo levantou, começou bater e empurrou- me à parede. Então, a garrafa de cerveja que estava comigo partiu.
De seguida, deu-me uma chapada e fiquei tonta, e foi assim que eu lhe empurrei e o gargalo lhe feriu no peito”, adiantou, acrescentando que o marido começou a perder muito sangue, o que fez suplicar por ajuda aos vizinhos. Na rua, apareceu um grupo de agentes da Polícia Nacional numa viatura patrulha, que, depois de informados sobre o sucedido, socorreram-lhe para o Hospital do Prenda, enquanto à esposa foi aplicada a medida de coação mais gravosa, a prisão preventiva, sendo que foi nesta condição em que recebeu a notícia da mor- te do marido.
Filhos com futuro incerto
Órfãos de pai, os quatro filhos deixados por Alberto Congo estão, também, sem a mãe, que está de- tida, enquanto aguarda o dia para responder em sede de um julgamento. De acordo com João Domingos, irmão da vítima, a família da acusada está a assistir de longe todos eventos pós-morte, sendo que não apareceu ao funeral da vítima. Agora, também não aparece a fim de participar na definição de estratégias para o amparo das crianças.
O irmão, que lamenta a postura da família materna dos sobrinhos, refere que as crianças precisam de dar sequência à vida normal, mas, para isso, faz-se necessário a intervenção de um psicólogo para cuidar da saúde mental das duas primeiras filhas que estão com 13 e 10 anos de idade. “As [filhas] mais velhas estão traumatizadas. É uma série de questões a que as crianças precisam ser submetidas, e está tu- do sobre a família do pai. A sogra dela está acamada com pressão baixa, porque perdeu o filho. Está com os netos e não trabalha”, avançou.
Caso esclarecido pelo SIC
O caso de homicídio foi esclarecido pelo Serviço de Investigação Criminal (SIC), na sequência de uma actividade operativa realizada, no município de Luanda, distrito urbano da Maianga, de acordo com o diretor do Gabinete de Comunicação Institucional e Imprensa deste órgão forense, superintendente chefe de investigação Fernando Carvalho.
“Os operacionais do SIC Maianga realizaram uma intensa actividade operativa que culminou com o esclarecimento de dois casos de crimes. O primeiro trata-se de um homicídio qualificado em razão da qualidade da vítima e o segundo caso de furto doméstico em residência”. De acordo ainda com este oficial do SIC, o casal levava “um relacionamento já de 15 anos”.