A falta de fármacos no Hospital Central do Lubango é apontada, tanto pelos familiares das vítimas, como pelo corpo clínico, como estando entre os factores que determinaram a morte das crianças. Aflitos, clamam pela ajuda do Governo para que as outras duas possam ser salvas.
POR: João Katombela, na Huíla
Morreu na manhã desta Sexta-feira (23), no Hospital Central do Lubango, a terceira das cinco crianças vítimas de um incêndio provocado por uma fuga de gás de cozinha, na zona 4, do bairro do Tchioco, arredores da cidade do Lubango. O Incêndio causou nas crianças queimaduras do 2º e 3º graus. Segundo relatos dos familiares, uma das crianças faleceu na manhã de Quarta-feira, supostamente por falta de medicamentos na referida unidade hospitalar.
Cesar Alberto Elias, tio de uma das vítimas, conta que assim que as crianças chegaram à casa, vindas da escola, aperceberam-se do vazamento de gás butano, mas, por ingenuidade, uma delas acendeu um fósforo, provocando imediatamente o incêndio. “Elas encontraram a mangueira que liga o redutor solta e o gás a vazar. Por curiosidade, decidiram acender o fogão para confirmarem se estavam diante de uma fuga de gás, e, como a casa já estava abafada, provocou a explosão”, revelou. As vítimas foram socorridas no Hospital Central do Lubango, no mesmo dia, onde estão a ser assistidas pelo corpo clínico da maior unidade sanitária da província da Huíla, porém, enfrentado inúmeras dificuldades.
Apesar dos esforços empreendidos pela equipa médica, três delas morreram e as atenções estão voltadas para a tentativa de salvar as outras duas. Mas, para os familiares, uma assistência médica de qualidade esteve condicionada em virtude da falta de fármacos. Cesar Elias salientou que foram obrigados a percorrer todas as farmácias da cidade do Lubango em busca de medicamentos, a pedido dos médicos. “Não foram devidamente assistidos. Estou há muito tempo à procura de um sistema (catetos para subclávia) que eles mandaram comprar, não encontrei e o miúdo morreu no hospital” explicou na manhã de ontem a OPAÍS, após ser informado da morte do sobrinho. Entretanto, o médico em serviço alertara aos familiares sobre o estado grave das restantes crianças, cuja recuperação tarda também por falta de medicamentos. Em declarações a este jornal, o médico Bartolomeu Cabo confirmou a falta de medicamentos. “Estamos com dificuldades de catetos para subclávia, mas a direcção faz tudo para se encontrar e aplicar nas crianças, o estado delas é grave”, afirmou.
Familiares clamam por apoios
Por falta de condições materiais e financeiras para a realização dos funerais, os familiares das crianças dizem estar de “mãos atadas”, pelo que clamam pelo apoio da sociedade. E, por outro lado, a ajuda do Governo Provincial e Central, no sentido de salvar as duas crianças que ainda se encontram em estado grave. “As famílias não têm condições para enterrar as três crianças, e uma delas acabou por morrer hoje (Sexta-feira), temos ainda outras duas crianças que se encontram em estado grave. Por isso pedimos apoio ao Governo e de toda a gente de boa-fé, no sentido de nos ajudarem com medicamentos para elas”, implorou Cesar Elias.