O mau estado de conservação da estrada de ligação entre o Cuima e a Katata, no município da Caála, é apontado pelos seus moradores como um dos empecilhos ao seu desenvolvimento. Energia eléctrica e água da rede pública são outros problemas
Texto: Jorge Fernandes, Fotos de Virgílio Pinto no Huambo
O grito de socorro vem dos populares que desde 2012 se encontram privados da energia eléctrica que era fornecida por um grupo gerador. Até ao presente não se regista sinal algum de que a situação será restabelecida. Por outro lado, a água potável há muitos anos não jorra das suas torneiras.
A principal via de comunicação, que liga a comuna e do Cuima e Catata, que dista 106 quilómetros da cidade do Huambo, tem dificultado bastante a vida dos agricultores, que se dizem incapazes de escoar os seus produtos da localidade para as grandes superfícies comerciais e garantir o desenvolvimento das cerca de 78 aldeias que compõem a comuna.
Esse é um cenário que desagrada e transtorna a comunidade, que possui potencial para a cultura de vários produtos do campo, com realce para o milho, feijão, batata-rena, batata-doce, mandioca e outros legumes.
Agostinho Pacheco é morador da Catata há mais de 15 anos, foi lá morar pelo facto de trabalhar como professor numa escola da localidade, porém, lamenta os níveis de carência que ainda caracterizam a vida dos cidadãos, decorridos 16 anos de paz.
“É lamentável como vivemos aqui, porque estamos privados de bens essenciais como a energia e água. Não é normal que, como professor, não tenho acesso a outros meios de comunicação para manter-me informado e informar os meus alunos”, ilustra. O docente acrescenta ainda que só quem possui um gerador privado pode minimamente saber a actualidade no país.
Contudo, a outra grande dificuldade é a aquisição do combustível, que apenas pode ser adquirido ou no Cuima ou na sede da Caála, facto que tem causado muitos transtornos. Por sua vez, o estudante Lúcio Miguel considera que viver na Catata é sofrível, e que só lá está pelo facto de ter conseguido a vaga no único instituto politécnico da localidade, mas, garante, concluída a formação, terá mesmo que saír e lutar por outra oportunidade num outro local do país.
Administração conhece problemas
O administrador comunal adjunto de Catata, Rubem Etome, em resposta às preocupações dos moradores, reconhece que é difícil resolver os problemas dos cidadãos a cem por cento, tendo apontado que os problemas estão identificados e são recorrentes.
Bens de consumo
O administrador diz que o principal constrangimento é o da escassez de serviços sociais, mormente os bens de consumo e o abastecimento com insumos agrícolas. As características do troço de ligação rodoviária desencorajam o envio de alguns produtos por parte dos investidores.
Saúde
A esse respeito, segundo o administrador, o grande problema reside nos fracos índices de prevenção, porque há doenças facilmente controláveis apenas com uma forte aposta no saneamento básico.
Porém, a distância e as péssimas condições das vias terciárias obrigam-nos a recorrer apenas aos ervanários, deslocando-se apenas ao centro de saúde já em fase complicada. “Com isso nem sempre dá certo, mas os técnicos têm dado o melhor de si para que progressivamente se superem as dificuldades, assim como a educação permanente na perspectiva da prevenção.
A comunidade conta com um centro de saúde e três postos, em que funcionam 18 técnicos”, frisou.
Educação
Na comuna, em todas as suas aldeias, existem escolas de construção definitiva e comunitárias. Porém, a subida da procura por alunos não é proporcional à actual oferta em salas de aulas, daí que no início de cada ano lectivo se registem as dificuldades habituais para acolher mais alunos. Outro constrangimento prende- se com as chuvas na localidade, que têm representado um grande perigo para as escolas comunitárias, muitas das quais chegam mesmo a desabar. Nestes casos, o apoio tem vindo da parceria com igrejas. Além de que são necessários mais professores.
Energias e águas Rubem
Etome declarou que os cinco geradores que forneciam a energia eléctrica à comunidade encontram-se todos avariados, pois a sua vida útil levou a que se lhes substituíssem algumas peças, e que após todas essas renovações, as máquinas chegaram ao ponto de saturação.
Entretanto, estão a ser empreendidos esforços a recuperá-los. Sobre a água, contrariamente ao que alguns moradores referiram, embora não seja regular, o abastecimento falha agora por causa da uma avaria do grupo gerador, mas a localidade tem sido abastecida através de pequenos sistemas de captação de água.
Criminalidade
No capítulo da criminalidade, os níveis não são alarmantes, por isso está sob controlo. As ocorrências mais comuns referem-se ao roubo de motorizadas e alguns pequenos delitos cometidos por indivíduos de conduta marginal. Essas ocorrências têm esbarrado na pronta intervenção quer das autoridades tradicionais, quer da Polícia.