A falta de energia eléctrica está a causar vários constrangimentos na vida de munícipes, que pedem, por isso, a intervenção da ENDE, uma vez que a Administração Municipal da Ganda, por ora, se manifesta incapaz para solucionar o problema.
O grupo de geradores que abastece energia eléctrica ao município, sob gestão da Empresa Nacional de Distribuição de Electricidade, se encontra avariado há 15 dias.
Proprietários de estabelecimentos comerciais com quem este jornal conversou, no município, admitiram não estar a ser fácil esse período de escuras, porque vêem, em certo modo, os seus investimentos comprometidos.
“Eu vendo aqui e preciso de energia e, infelizmente, estamos nessa situação”, reconhece o jovem Adriano, que não entende as razões de o município, volta-emeia, registar restrições que levam muito tempo e acena para a barragem do Lomaum, no Cubal. “E a barragem está próximo de nós.
Daria para tirar luz de lá. Aqui, nas ruas, fica muito escuro. Quando algumas jovens saem da escola, às vezes, passam mal com os miúdos que se comportam mal”, reforça o munícipe António Cavite. Informações colhidas por este jornal apontam que as restrições têm sido cíclicas no município.
A nível da administração local obteve-se a informação de que, internamente, estão a ser feitas diligências para se inverter esse quadro.
Em meio à tanta pressão de munícipes, que querem voltar a ter as residências e ruas iluminadas com a energia da rede pública, ao administrador municipal da Ganda, Francisco Prata, nada resta senão manifestar o seu desagrado face ao quadro actual.
O governante manifestou tal sentimento ao intervir no acto que visou assinalar os 55 anos de existência da antiga Vila Mariano Machado, ao justificar a milhares de pessoas presentes, entre naturais, amigos e sociedade civil da Ganda, que os apagões derivam de avaria registada em um dos motores.
“Não podemos também esconder as nossas dificuldades, os nossos pontos fracos. E aqui, com muita mágoa, temos sentido, ultimamente, uma cidade escura por dificuldades no motor de gerador que abastece a nossa cidade”, admitiu, pedindo, por conta disso, a compreensão dos munícipes, na perspectiva de consentirem “este sacrifício”, reclamando, igualmente, do cenário actual caracterizado pela escassez de recursos financeiros.
Tofo tem “remédio” para Ganda Filho da Ganda, o inventor e construtor de mini-hídricas, Cristóvão Tofo, considera inconcebível o quadro vigente na sua terra natal, quando com um investimento de pouco mais de 2 milhões resolver-se-ia o problema de fornecimento de energia eléctrica na região.
Tofo manifesta, pois, o desejo de ter na terra que o viu nascer regularidade no fornecimento de energia e água. “Alegria maior devia ser servir o básico à população.
O básico é água e energia. Se eu for chamado, estou em condições de fazer isso”, sustenta. Daí que o inventor, condecorado há cerca de quatro anos pelo Presidente da República, João Lourenço, nutre a esperança de uma solicitação por parte do Governo para montar, pelo menos, uma mini-hídrica para fornecer energia eléctrica ao município todo. “Isto, na verdade, é uma provocação ao citadino.
Eu só precisaria de dinheiro para comprar o material, para eu aplicar. Não teria sobrefacturado de forma nenhuma. Já fiz muitas mini-hídricas e a preços baixos.
Se compararmos uma mini-hídrica feito em Belize (Cabinda) por 18 milhões de dólares e uma, no município do Bocoio, e também por 19 milhões de dólares. Eu não faço isso.
Eu sou da Ganda, então posso fazer mais barato. Para mini-hídrica, podemos falar em 2 milhões de dólares”, projecta o conhecido inventor do povo, realçando que, nesses aludidos valores, estariam inclusas as linhas de transportação.
A Ganda, antiga Vila Mariano Machado, foi criada pela Portaria número 16/24/306, do então governador de Angola, Camilo Adilson de Miranda Reboço Vaz, a 24 de Junho de 1969.
O município está a assinalar 55 anos de existência com várias actividades, dentre as quais culturais, desportivas e agro-pecuárias.
Por: Constantino Eduardo, em Benguela