O ministro da Energia e Águas fez este anúncio na Quarta-feira, 27, em Benguela, quando procedia à abertura dos trabalhos do 12º conselho consultivo do sector, tendo sustentado que o referido projecto, que entra em funcionamento neste ano, vai produzir 20 megawatts. João Baptista Borges ressalta que, para os próximos anos, se prevê a entrada de mais três centrais, designadamente, Saurimo, Cuito e Bailundo
O município do Luena, província do Moxico, vai ganhar, ainda neste ano, uma central fotovoltaica, com capacidade para produzir 20 megawatts de energia limpa, visando atender às necessidades da população local. Além do Luena, o ministro Borges deu conta, igualmente, de que, nos próximos anos, entram também em funcionamento as centrais de Saurimo (Lunda Sul), Kuito (Bié) e Bailundo (Huambo), juntando-se às de Benguela. Todas em funcionamento vão constituir uma “lufada de ar fresco” no que à distribuição de energia diz respeito – consideram as autoridades.
Com esses investimentos, pontualiza o ministro, o país totaliza uma capacidade de energia fotovoltaica na ordem dos 370 megawatts. “E esta [central], no fundo, vai ser um contributo importante para aquilo que é a diversificação da matriz energética “, considera, para quem tal visa materializar compromissos assumidos publica- mente pelo Presidente da República, João Lourenço, na Cimeira do Clima, realizada na Escócia, de o país atingir a meta dos 72 por cento de energia solar.
Falando aos especialistas do sector, o governante reconheceu que as empresas do sector enfrentam ainda uma significativa dificuldade no que se refere à arredação de receitas provenientes de actividades de cobrança, embora se manifeste uma tendência de melhoria, mas muito aquém do necessitado. Segundo João Baptista Borges, a ENDE, que assegura grande parte da energia produzida , ainda não dispõe de um sistema de gestão eficiente, existindo um défice elevado de contadores.
A título de exemplo, o governante sustenta que dos 1.955.000 consumidores apenas 701 mil têm contadores instalados e sistema pré -pago, 81 mil em pós-pago, ao passo que 1.170.000 não têm contagem. “Em média tensão existe, em todo o país, o total de 7.782 consumi- dores ou clientes, dos quais 3.778 têm sistema de contagem e os restantes 4.104 não têm”, acentua, tendo adiantado que o sistema de gestão carece de urgente modernização, razão por que o governante assegura esforço para que as cobranças da ENDE superem o crescimento de consumo anual.
Caso contrário, as perdas tenderão a aumentar para níveis de difícil recuperação, facto que condiciona, em certa medida, a gestão das empresas, uma vez que têm compromissos para com pagamentos de salário aos funcionários e que, em muitos casos, quer as Empresas de Águas, quer a ENDE, se têm manifestado incapazes para o efeito.
Vandalismo que assusta
O ministério da Energia e Águas, João Baptista Borges, realça que as acções de vandalismo têm vindo a atingir proporções cada vez mais preocupantes com roubos de cabos de alta tensão. Não obstante a pronta intervenção da Polícia Nacional, o titular do departamento da Energia e Águas sugere sanções mais duras contra prevaricadores, a julgar pela gravidade e, por conseguinte, os riscos que representam para a estabilidade na prestação de serviços aos consumidores, ao que se associam custos financeiros para o Estado, que projecta, até ao término do mandato do Governo, atingir uma taxa de ligação de 50 por cento.
Em relação ao subsector das Águas e Saneamento, o governante anunciou, entre outros investimentos, a construção de sistemas de águas residuais em quatro cidades costeiras, nomeadamente Benguela, Lobito, Catumbela e Luanda, além de se ter referido ao projecto de combate à seca no Sul do pais, sob supervisão do PR. Durante dois dias, os especialistas dos subsectores das Águas e Energia Eléctrica vão passar em revista uma série de documentos muitos dos quais analisados em fóruns anteriores em sede dos quais se avançam as perspectivas para o quinquénio 2022/2027, período em que termina a legislatura.
Da agenda de trabalho ressaltam-se temas como produção, distribuição e comercialização de água na região Norte e Sul; produção e comercialização da energia fornecida ao comprador único; processo de formação, capacitação e desenvolvimento de quadros do sector de energia e águas; modelo de mercado do sector, balanço e perspectiva 2023/2027.
POR: Constantino Eduardo, em Benguela