Os especialistas recolheram amostras dos detritos de dejectos e solos, além das amostras das culturas de tomate, alface, repolho, cebola e pepino, para análises laboratoriais.
O Ministério da Agricultura e Florestas criou uma equipa técnica para apurar as implicações da utilização de fezes humana como fertilizante numa quinta, em Luanda, e promete pronunciar-se sobre o caso, assim que concluírem as análises, segundo uma nota de imprensa enviada ontem à redacção de OPAÍS.
A equipa técnica, que integra ainda quadros da repartição municipal de Saúde Pública de Belas e da Fiscalização, deslocou-se à quinta privada de produção de hortícolas, localizada no bairro Benfica. No local, os especialistas recolheram amostras dos detritos de dejectos e solos, além das amostras das culturas de tomate, alface, repolho, cebola e pepino, para análises laboratoriais.
“Após o apuramento dos resultados das análises, o Ministério da Agricultura e Floresta irá se pronunciar sobre as decisões a serem tomadas”, promete. Sublinha que o uso de dejectos humanos na agricultura, sem a necessária e recomendável compostagem, pode colocar em risco a saúde não só dos trabalhadores, mas também dos possíveis consumidores dessas hortícolas, sendo que as bactérias coliformes e parasitas, presentes nas fezes humanas podem provocar diversas doenças.
Por outro lado, esclarece que a utilização de dejectos humanos na agricultura tem sido frequente em alguns países da América Latina e da Ásia, obedecendo a normas de carácter legal e técnicas específicas de tratamento e compostagem dos detritos humanos em produções de pequena escala.
O Ministério da Agricultura e Florestas reafirma o seu compromisso de trabalhar para garantir que os alimentos produzidos internamente e importados tenham a qualidade desejada para o consumo humano. De realçar que o Laboratório Central Agro-alimentar de Luanda rejeitou, nesta Terça-feira, analisar as amostras dos referidos “adubos” por, alegadamente, não ser o foco deste laboratório analisar fezes humanas.
O Laboratório Central Agro-alimentar de Luanda, afecto ao Ministério da Agricultura e Florestas, tem a missão de analisar solos agrícolas, bens alimentares nacionais e importados e fertilizantes orgânicos e inorgânicos, visando garantir a segurança dos alimentos para a população e prevenir as fraudes. A denúncia do uso de fezes humanas como fertilizante numa quinta de cidadãos de origem chinesa surgiu na semana finda nas redes sociais, emitidas pelos moradores da zona, que incomodados pelo cheiro nauseabundo que propagava alertaram as autoridades sanitárias.
Entre várias bactérias tóxicas e nocivas à saúde pública, que as fezes humanas contêm, destaca-se a” Cadaverina” (formula química C5H14N2), uma molécula produzida pela hidrólise proteica durante a putrefacção de tecidos orgânicos de corpos em decomposição, de acordo com Pascoal Muenho. A Cadaverina é um dos principais elementos responsáveis pelo odor nauseabundo dos cadáveres.