O espaço em causa, de cerca de 5 hectares, pertence, desde o ano 2000, ao Centro de Estudos de Angola da Universidade Privada de Angola e está reservado para a construção do futuro hospital universitário
POR: Domingos Bento
Um grupo de seis militares está a ser acusado de se ter instalado, desde Quinta-feira, num terreno pertencente à Universidade Privada de Angola (UPRA), localizado em Talatona, supostamente a mando de um general cujo nome não foi indicado. A presença dos militares está a causar mal-estar no seio da classe académica, que se sente intimidada pelos homens fardados empunhando armas. Segundo o reitor da UPRA, Caetano João, os militares alegam que a titularidade do espaço é do referido general e, por isso, a mando deste, a tropa ali se instalou para proteger o terreno de 5 hectatares.
O reitor acrescenta que a alegação dos militares não corresponde à verdade, porque o terreno em causa pertence, desde o ano de 2000, ao Centro de Estudos de Angola da UPRA. Explicou que o referido espaço está reservado para um futuro hospital universitário que se, até ao momento, não foi construído, é devido a dificuldades financeiras. “É uma ofensa os militares dizerem que o terreno pertence ao tal general. Esse espaço é nosso. Até ao momento, só está baldio porque estamos à espera de um bom momento financeiro para o vedarmos por completo e arrancarmos com as obras”, frisou.
Caetano João disse ainda que aquando da sua chegada, na Quinta-feira de manhã, a tropa não contactou a direcção da universidade, tendo apenas se instalado no espaço, causando pânico entre os estudantes, diante da súbita presença dos homens fardados. “Mesmo até que lhes pertencesse, toda a acção carece de uma comunicação prévia. As coisas não podem ser feitas assim. Então como é possível, dentro de uma comunidade académica, haver militares? É um abuso. As pessoas não podem, à força, usurpar terrenos que não são pertença sua. Estamos num país democrático e é preciso que se respeite as instituições”, rematou.
Aulas podem estar suspensas
De acordo ainda com Caetano João, por razões de segurança dos educandos, caso os militares persistam em permanecer no local até Segunda-feira próxima, a universidade vai suspender as aulas e responsabilizar o suposto general pelos eventuais danos que esta medida vier a causar. “Não sabemos até aonde pode chegar a reacção destes indivíduos. Se eles são capazes de invadir um terreno que não lhes pertence, então podem chegar a extremos. E queremos evitar coisas piores. Por isso, para protegermos os nossos estudantes, vamos optar por paralisar as aulas, Segunda-feira, casos eles insistam em estar no nosso espaço”. Por outro lado, nos próximos dias, Caetano João garantiu que vai recorrer às instituições de direito, com vista a repor a legalidade dos factos e responsabilizar o suposto general por todos os contratempos que está a causar à universidade com a presença dos seus militares, e, ainda por cima, armados. No entanto, na altura em que o OPAIS visitou o referido espaço, os militares não se encontravam no local, um facto que impediu a recolha do contraditório.