O presidente da referida associação, que foi convidado a dissertar na conferência sobre o direito do ambiente e climático, disse que África tem estado a adiar este importante mercado que pode reduzir a taxa de desemprego, garantir que as comunidades permaneçam no interior do país e ganhem alguma coisa com a árvore em pé e não quando está em baixo.
A associação que dirige procura advogar e dinamizar acções concretas, primeiro olhando para o diálogo inclusivo com a academia no sentido de que todos os intervenientes tenham uma visão comum na criação do mercado de carbono – que é um instrumento que pode efectivamente trazer a diversificação das exportações e, a médio e longo prazo, contribuir para a chegada de instrumentos económicos sustentáveis.
“O impacto das actividades industriais no clima e as actividades poluidoras têm sido alvo de uma fiscalização rigorosa, pois os projectos de investimento não começam a funcionar sem que haja um estudo de impacto ambiental. Mas do que isto, existe uma grande oportunidade porque enquanto o nosso país estiver na liderança da região deve-se instituir um mercado de redução de emissões”, sustenta.
Nós somos um país fóssil, segundo o especialista, mas há a necessidade de se fazer uma transição justa e eficiência, com a economia verde, para os próximos 20 e 30 anos. Admite que, deste modo, poderá existir um ambiente económico mais sustentável, olhando para as próximas gerações, cumprindo com aquilo que são os Objectivos de Desenvolvimento Sustentável e a agenda climática global.
Emanuel Bernardo considera que é preciso colocar o país no mapa global da sustentabilidade e não colocar de parte o sector do mercado de carbono, que é considerado como milionário, na medida em que, só em 2023, movimentou acima de 200 milhões de dólares.
Aponta como um dos desafios a construção de uma agência reguladora, onde todos, por via do diálogo, devem partilhar um ponto comum, porque o mercado de carbono é transversal, e reduzirmos as emissões dentro dos vários sectores, desde a agricultura, pesca, pecuária, transportes, resíduos, etc “Deste modo, vamos garantir segurança e atracção de grandes corporações ou investimentos estrangeiros. O mercado de carbono é um instrumento poderoso para a mobilização do financiamento sustentável no país”, finalizou.
Educação ambiental desde o ensino de base
A professora do Centro EuroAmérico de Pesquisa em Políticas Constitucionais( CEDEUAM), Maralice Cunha Verciano, defende que seja implementada a disciplina de educação ambiental a partir do ensino de base. Maralice Verciano também foi convidada no evento supracitado e considera que é preciso criar uma base de uma educação mínima bem formada, e estruturada, que realmente corresponda ao que está dentro da Constituição do país. E, a médio prazo, inserir no sistema de ensino, a educação ambiental, para que os professores possam também beneficiar de um programa de formação nesta área.
“Cria- se estratégia de educação ambiental, traça-se na lei do ambiente como princípio, mas na prática não temos uma formação devida”, disse. O sistema de ensino não conta com uma disciplina de educação ambiental nos seus currículos escolares e tudo se perde na questão da interdisciplinaridade, segundo a especialista.
Assim, fica difícil para o corpo docente entender e fazer esta meta acontecer. Segundo a professora, muitas vezes elevam a educação ambiental ao nível universitário, mas no seu ponto de vista este tipo de educação deve começar pela base. Defende ainda, para que haja cidadãos conscientes em matéria de ambiente, é necessário que existam professores capacitados sobre matéria de ambiente.
Considera importante que as pessoas sejam alfabetizadas ecologicamente, a partir do ensino de base, porque a geração que está acima dos 50 anos não foi alfabetizada de forma ecológica e não foi preparada para enfrentar os problemas actuais. “Quando eu digo alfabetizar ecologicamente é construir uma linguagem comum que permita entender que as mudanças climáticas são problemas transfronteiriços e comum para toda humanidade”, esclareceu a pesquisadora.