A cidade de Mbanza Kongo, capital da província do Zaire, está sem combustível nas bombas há mais de uma semana, situação que está a criar dificuldades aos automibilistas e motociclistas.
Perante esta realidade, o preço da corrida de táxi e mototaxi subiu de 200 para 300 e 400 kwanzas, respectivamente. Os automobilistas e mototaxistas afirmaram, em entrevista, ontem, à ANGOP, que para abastecerem os seus meios estão a adquirir a gasolina no mercado informal ao preço de 750 kwanzas o litro.
A saída ilegal quase todos os dias de quantidades consideráveis de gasolina e gasóleo para a vizinha RDC foi apontada como a principal causa da gritante falta de combustível, nesta cidade. João Makubikua, automobilista, disse ser recorrente a venda de combistível em bidões e outros recipientes por parte dos funcionários das bombas quando chega o produto, em detrimento das viaturas e motorizadas.
O esquema, segundo o interlocutor, envolve gerentes de alguns postos de atendimento que em vez de venderem o produto de dia preferem comercializar no período nocturno para, alegadamente, atenderem cidadãos envolvidos no contrabando de combustível.
“Não é segredo para ninguém que a cidade de Mbanza Kongo vive, vezes sem conta, escassez de gasolina e gasóleo, por causa do contrabando”, expressou, considerando existir certa apatia no combate a este fenómeno.
Lembrou que os mototáxis são os principais meios que facilitam o movimento de cidadãos nesta capital da província do Zaire que não dispõe de uma rede de transportes públicos urbanos há anos.
A funcionária pública Isabel Fineza pediu maior engajamento dos órgãos competentes do Estado no combate a este negócio ilícito, lembrando que este comércio clandestino lesa a economia do país e os interesses dos cidadãos nacionais.
“Nos últimos dias tenho chegado ligeiramente atrasada ao meu local de serviço, por dificuldades de apanhar o táxi. Há dias que sou obrigada a caminhar a pé de casa para o serviço e viceversa”, referiu.
Para o mototaxista Arlindo Samuel, a classe resolveu aumentar o preço da corrida para compensar as elevadas despesas com o combustível adquirido no mercado informal. Acusou os funcionários de algumas bombas de cumplicidade com os contrabandistas, por cobrarem comissões para um atendimento privilegiado.
Entretanto, um gerente de uma das bombas privadas localizada na periferia da cidade de Mbanza Kongo, que preferiu falar sob anonimato, disse que a sua empresa trabalha para obter lucros, sem olhar pelo tipo de cliente.
Justificou que adquire o produto em Luanda a 285 kwanzas o litro, frisando que estes custos, aliados às despesas de frete para Mbanza Kongo, fazem com que a empresa opte em atender quem se oferecer para pagar mais.
A cidade de Mbanza Kongo conta com duas principais bombas de combustível, detidas pelas empresas Sonangol e Pumangol. Dispõe também de dezenas de postos de atendimento que funcionam em contentores.
A ANGOP procurou ouvir a representação da Sonangol em Mbanza Kongo, mas sem sucesso.