O coordenador do Programa de combate à Malária de Luanda revelou, ontem, que no ano passado foram diagnósticados um total de 986.831 casos de malária, tendo, deste número, 1.437 resultado em óbitos. O município de Viana lidera a base de dados
POR: Maria Teixeira
Domingos Filipe, coordenador do Programa de combate à Malária de Luanda, que falava durante o Iº Workshop Regional das Organizações da Sociedade Civil sobre o Reforço do Sistema de Saúde Comunitário em Angola, mostrou-se preocupado com o aumento de casos de málaria na cidade capital.
Apesar da ruptura de stocks de medicamentos, de testes e reagentes, da deficiente relação entre as unidades sanitárias e as organizações da sociedade civil na harmonização do trabalho comunitário, que compromete os esforços do país para alcaçar uma saúde comunitária de qualidade, dos 986.831 casos de malária, por exemplo, que Luanda registou, 965.397 casos foram tratados.
O município de Viana lidera a lista de diagnósticos, seguido do Cazenga, Maianga, Cacuaco, Rangel, Icolo-Bengo, Kilamba-Kiaxi, Talatona, Belas e Ingombota, sendo que a zona de risco moderado é o distrito do Sambizanga. “Existem criadouros domésticos, peri-domésticos e naturais. Luanda, pela carência que tem de abstecimento de água, cada habitante tem pelo menos um bidão de água em casa para reserva, autênticos criadores domésticos. Em seguida vem o tanque de água e os criadouros naturais que são os espaços baldíos e uma centena de pneus abandonados”, explicou.
Disse ainda que em Luanda 90% das coberturas das casas dos bairros tem blocos em cima, que as vezes ficam cheios de água e facilitam a reprodução de mosquitos. É necessário educar a população a mudar de comportamento e combater o mosquito. Aconselhou que cada agregado familiar deve ter pelo menos uma rede mosquiteira tratada com insecticida para cada 2 habitantes e adoptar outras medidas de prevenção individuais da malária, como o uso de repelente (aplicação directa na pele), repelente de queima, rede milimétrica e insecticidas em spray (sheltox).
Luanda precisa de 369 hospitais
Segundo Coordenador Programa de Combate à Malária de Luanda, Domingos Filipe, neste momento a capital de Luanda tem apenas 165 unidades sanitárias e precisa de 369 para a estratificação epidemiológica que foi feita, levando em consideração a representação dos casos de malária, taxa de prevalência, índice parasitário e densidade larvária dos criadouros. Exemplificou com o município do Cazenga, que neste momento tem apenas 13 unidades sanitarias e com uma população estimada em 966 mil 654 habitantes.
Para garantir as condições sanitárias desse município precisa-se de 56 unidades hospitalares. O Workshop, que termina hoje, está a ser realizado pela ANASO, em parceria com a World Vision, no âmbito do Projecto Fundo Global, no município do Icolo e Bengo, de forma a reforçar a capacidade das comunidades e conta com a participação de especialistas nacionais. Temas como VIH e SIDA, Tuberculose, Malária, entre outros, serão debatidos neste encontro.