A malária está a desafiar as autoridades sanitárias do município do Chipindo, 460 quilómetros a Leste da cidade do Lubango, capital da província da Huíla
Por: João Katombela, enviado ao Chipindo
Ante a passividade das autoridades sanitárias do município e da província em geral, diariamente esta doença faz naquela parcela do território nacional três óbitos no seio das famílias locais. A falta de medicamentos no único hospital de referência do município mais recôndito da província da Huíla, associada às péssimas condições da estrada que liga esta municipalidade à província do Huambo, está a contribuir para a robustez da doença que está a vitimar principalmente crianças com idades compreendidas entre os 5 e os 15 anos.
Durante a realização da nossa reportagem no hospital de referência do Chipindo, uma criança acabaria por falecer diante dos nossos olhos. Ela deu entrada às 4 horas e morreu às 16.
O facto está a preocupar os munícipes que dizem sentir-se abandonados pelo Executivo nacional, que, no seu entender, não está a resolver os problemas do povo com a equidade desejada. Esta disparidade, segundo os habitantes do município do Chipindo ouvidos pela reportagem de OPAÍS, prende-se na fraca atenção que o Governo Provincial da Huíla tem estado a prestar aos outros municípios.
“Estamos muito preocupados com esta situação do município do Chipindo, por dia morrem duas a três crianças! Isso nunca tinha acontecido no nosso município, isso só começou depois da vacina que deram aos nossos filhos para a febre-amarela, estamos a morrer como galinhas”, disse uma mulher, LM.
Entretanto, em função das características que os cadáveres apresentam, palmas das mãos, olhos e dentes amarelados, os munícipes do Chipindo, ainda acreditam que a morte está a ser causada pela febre-amarela.
“Isso é febre-amarela. Então a criança morre com os olhos amarelados, palmas dos pés e das mãos também amareladas, o que pensamos então? Malária ou febreamarela?
E isso só acontece depois daquela vacina”, explica o familiar de um dos falecidos. Administrador municipal diz que a situação é conjuntural Em função do alto índice de mortalidade que se regista no município do Chipindo, o administrador municipal local diz que o problema é conjuntural, sendo que afecta todo o território nacional. Daniel Salupassa explicou que a situação ultrapassa as capacidades do município, uma vez que a sua solução depende do nível central.
“A situação da malária neste município é conjuntural, morre gente de malária na Huíla, nas Lundas, e outras províncias. E tudo isso é devido à actual conjuntura económica, falta medicamentos, falta tudo, mas temos estado a trabalhar no sentido de garantir a transferência dos pacientes para o Huambo “, defendeu-se.