O líder da referida organização informou que já recorreu a instituições e a entidades do Governo, e não só, a fim de buscar apoios para continuar com o tratamento, a medicação e alimentação das crianças e senhoras padecentes de HIV-Sida, mas só conseguiu promessas vãs
O responsável da BJC-Área Social de Apoio à 3ª Idade e Crianças, que acolhia e apoiava crianças e mães afectadas com HIV-Sida, no Zango, em Luanda, Bernardino de Carvalho, revelou que as famílias que estavam sob custódia do seu centro estão a morrer, paulatinamente. “De Março para cá já morreram 11 pessoas e dessa vez incluindo algumas senhoras que cuidavam directamente dos seus filhos também doentes, o que pressupõe uma média de duas mortes por mês. Atenção que, antes dessas últimas ocorrências, eu já havia relatado sobre as primeiras”, referiu o dirigente da BJC, para dar a entender que a situação não é nova.
Segundo ele, essa situação está a deixá-lo bastante revoltado, pelo facto de já ter chamado à atenção dos governantes para tal possibilidade, aquando do encerramen- to da instituição que dirige, por conta da crise derivada da situação económica que afectou a si, aos seus funcionários e aos poucos padrinhos que tinha. Afinal, o referido centro de acolhimento conseguia medicamentos e alguns kites de alimentação para apoiar os seropositivos, por via de doações da família do seu patrono, da contribuição financeira de alguns funcionários do GRUBE- TÂNIA, o grupo de que fazia parte o estabelecimento em causa, bem como de certas pessoas que se ofereciam para apadrinhar os pacientes.
“Vale lembrar que cada professor de um colégio que temos no Grupo Betânia (GRUBETÂNIA) também ajudava com a contribuição de mil kwanzas por mês, de modo a facilitar a aquisição de algumas latas de leite para as crianças. Questionado se, depois dos primeiros clamores, não teve nenhum apoio, Bernardino de Carvalho informou sobre a visita que uma delegação afecta ao Ministério da Saúde (MINSA) efectuou no centro com o propósito de se inteirar, in loco, sobre a real situação. “Prometeram pronunciar-se logo depois da constatação feita, mas já dura algum tempo que essas entidades não dizem nada e, enquanto houver esse silêncio, podem-se perder mais vidas. Acredito que a ideia da visita era evitar isso”, recordou o líder do centro de acolhimento.
Bernardino de Carvalho confessou que sempre que uma das famílias, então apoiadas pela instituição que lidera, se dirige a si e ele nota o estado avançado de gravidade, vem-lhe à cabeça entregar a sua própria vida. Apesar de terem a BJC-Área Social de Apoio à 3ª Idade e Crianças com Sida encerrado há mais de oi- to meses, os familiares que beneficiavam dos seus serviços, já dominam os dias da frequência de Bernardino de Carvalho e dos seus colaboradores directos. “Então, eles me abordam, quando estou a entrar para o gabinete do GRUBETÂNIA, que, por sinal, tem as instalações ligadas ao centro, ou me contactam, ao sair do mesmo”, contou o patrono da BJC.
Embora já tenha deixado claro que está sem capacidade de continuar a ajudar essas famílias padecentes de HIV-Sida, nessas ocasiões, Bernardino de Carvalho limita- se a não manifestar incapacidade total de apoio, limitando-se a endereçar uma palavra de conforto. Quando tem algum dinheiro, dá àqueles que ainda considera como seus filhos.
Mais de 300 pessoas desapoiadas
A BJC- Área Social de Apoio a 3ª Idade e Crianças com HIV-Sida controlava e apoiava, diariamente, 155 mães e 409 crianças com as doenças, além de prestar serviços aos idosos, bem como garantir sustento social a pessoas com albinismo. “Nós tínhamos paciência de ir saber onde e como vi- viam esses albinos, orientávamo-los sobre as medidas que deviam adoptar para que o meio não tornasse a sua condição mais vulnerável e matriculávamo-los na escola”, informou. Bernardino de Carvalho sublinhou que tudo que precisa é ver esse grupo de pessoas já registado controlado a serem novamente apoiadas com medicação, alimentação e vestuário.