Trabalhadores da Aerovia, empresa nacional de construção de aeródromos e estradas, afecta ao Ministério da Defesa, reclamam por oito meses de salário em atraso
POR: Constantino Eduardo, em Benguela
Esta realidade concorre para a degradação da condição social dos trabalhadores, que têm famílias para sustentar e filhos que estudam maioritariamente em escolas privadas, e que preferiram falar sob anonimato ao Jornal OPAÍS, por temerem ventuais represálias. São 95 funcionários que vivem a amargura causada pelos atrasos salariais, sem que, contudo, a direcção da empresa se digne esclarecer a situação. Os trabalhadores queixam-se e, simultaneamente, alertam às entidades de de direito no sentido de inverterem este quadro que causa enormes constrangimentos no seu ambiente familiar.
“Não entendem como é que o pai sai todos os dias para trabalhar e no final do mês não dá dinheiro para as despesas de casa”, desabafou um dos funcionários, agastado com a situação. Impotentes, pelo facto de até agora não terem vislumbrado o que consideram como vontade político- administrativa da entidade patronal, solicitam uma intervenção do ministro do Defesa, Salviano de Jesus Sequeira. A empresa, adstrita ao mesmo ministério é especializada na reparação de infra-estruturas e há muito que não recebe obras, daí que, segundo os funcionários, as receitas tenham baixado de forma significativa. “Nós, desde sempre, fizemos as nossas receitas, só que agora está tudo difícil. Por sermos uma empresa do Ministério da Defesa, a tutela devia intervir”, sugere um outro funcionário. “Isto é um ministério militar, como sabe, então, nós podemos sofrer represálias.
Por isso preferimos falar sob anonimato”, justificou-se. Recorde-se que em 2015, o então ministro da Defesa nacional – hoje Presidente da República – João Lourenço, ciente dessas dificuldades, referira que o Governo angolano tomaria as medidas adequadas para garantir o funcionamento normal da Aerovia, incluindo capacitá-la para intervir no domínio das obras públicas, segundo a Angop. Na altura, João Lourenço falava do mau aproveitamento dos equipamentos da empresa. De então, os funcionários dizem que não sentem o efeito prático da garantia ministerial. “Agora que é Presidente, pedimos que nos ajude”, apelam. Os esforços da nossa equipa de reportagem para contactar o Conselho de Administração e a direcção local redundaram em fracasso. Na tarde de Terça-feira, a equipa de OPAÍS deslocou-se à empresa, situada na zona alta do Lobito, e passou parte da tarde aguardando por algum pronunciamento dos responsáveis, porém sem sucesso. Contactamos um senhor identificado apenas por Kapenda; deixamos- lhe os nossos contactos, ocntudo, até ao fecho desta edição, não recebemos contacto algum da direcção local. Tentamos igualmente, sem sucesso, contactar o brigadeiro Komory.