A Associação Nacional dos Cegos e Amblíopes de Angola (ANCAA) registou em dois meses, nos municípios do Puri e Quimbele, província do Uíge, um total de 603 novos casos de cegueira. O levantamento feito pela instituição nos meses de Outubro e Novembro de 2017
Por: Afrodite Zumba
O presidente da Associação Nacional dos Cegos e Amblíopes de Angola (ANCAA), Venceslau Francisco, revelou ontem, em Luanda, que anualmente dez mil cidadãos têm recebido tratamento ocular para prevenção da cegueira na Província do Uíge, uma das que mais carecem de intervenção.
Num levantamento feito nos meses de Outubro e Novembro do ano transacto, pela ANCAA, no município do Puri, em uma semana, foram registados 353 novos casos de cegueira. Já no município do Quimbele foram 250 novos casos, num estudo feito em três dias.
Venceslau Francisco, que falava à margem da cerimónia de renovação do protocolo com a Associação Norueguesa de Cegos e Amblíopes (de sigla NABP), aponta que uma iniciativa que começou a ser desenvolvida em 2012, no âmbito do projecto “Saúde Ocular”, no município do Bungo, no Uíge, e actualmente transferido para o município sede, tem beneficiado cidadãos de vários pontos do país e alguns da vizinha República Democrática do Congo. Apesar de ter ficado com as actividades suspensas durante um ano, o projecto sustentado por aquela parceria, agora reaberto, tendo juntado também o Governo local, tem mais de 300 cidadãos à espera de atendimento.
É através da cooperação entre ambas as partes que tem sido possível manter o centro, onde são realizadas consultas de prevenção de patologias oftalmológicas, bem como intervenções cirúrgicas para remoção de catarata (que nas instituições privadas custa, em média, dois mil dólares). “Este apoio é muito importante para nós e vamos pedir à NABP que mantenha a parceria, até conseguirmos caminhar sozinhos”, disse.
Mais de 200 portadores de deficiência alfabetizados em 2017 Em paralelo, a instituição também tem desenvolvido projectos de alfabetização para portadores de deficiência visual, nomeadamente os que nascem com a deficiência e estão fora do sistema de ensino, bem como aqueles que, ao longo do tempo, adquiriram tal condição e tiveram de se readaptar a uma “nova forma de viver”.
Segundo Venceslau Francisco, em 2017 foram beneficiadas 200 pessoasn das oito províncias em que a ANCAA está representada, deste número, 60 pessoas vivem em Luanda. “Só não fazemos muito mais porque não temos recursos suficientes”, lamentou. Apesar de ser parceira de instituições do Estado, nomeadamente o Ministério da Acção Social, Família e Promoção da Mulher e o Conselho Nacional de Acção Social (CANS), a ANCAA quer ser elevada à instituição de Utilidade Pública.
O presidente acredita que só atingindo tal patamar conseguirão ajudar mais pessoas. “Estamos à espera da luz-verde do nosso Governo, até porque somos uma associação que muito tem feito em prol da pessoa portadora de deficiência visual no país”, explicou.