A segunda componente do programa Kwenda, aplicada em quatro províncias, propriamente no Moxico, Cunene, Huíla e Bié, já beneficia directamente 25 mil pessoas e, indirectamente, 130 mil. Os técnicos do FAS estão actualmente no município do Andulo, onde constatam o desenvolvimento do programa e a entrada de mais beneficiários
Com o objectivo de acelerar o desenvolvimento económico nas comunidades, o Instituto de Desenvolvimento Local (FAS) tem o programa de Inclusão Produtiva (IP), uma das componentes do programa Kwenda.
O FAS criou quatro iniciativas económicas fundamentais, como a promoção de caixas comunitárias, que trabalham como bancos nas localidades, onde é investida uma quantia monetária, e o valor é distribuído por um grupo de residentes que apresentam duas opções de renda, a agrícola e a de comércio.
Segundo o responsável da IP, Josué Chilundulo, a nível do país, já beneficiam deste programa mais de 25 mil pessoas de forma directa, e 130 mil de forma indirecta, em quatro municípios, nomeadamente Luau (Moxico), Curoca (Cunene), Cacula (Huíla) e Andulo (Bié). Em breve, o programa vai abranger mais 37 municípios nas províncias da Huíla, Benguela, Huambo, Bié, Malanje e Cuanza-Norte.
A caixa comunitária da aldeia do Bumba, município do Andulo, província do Bié, tem um investimento de dois milhões de kwanzas e foram distribuídos, numa primeira fase, a 16 beneficiários.
Destes, oito aplicaram na actividade agrícola e igual número no comércio. “Os que já estão a reembolsar agora são os do comércio, sendo que os agricultores ainda têm algumas semanas para o fazer”, disse Josué Chilundulo.
Cada beneficiário, ao receber o valor monetário, depois de aplicar, deve devolver o valor à caixa comunitária, com uma margem de 10% de juro, de modo a manter a sustentabilidade do banco comunitário.
Outra iniciativa para as comunidades são os bancos de sementes, onde são seleccionados os produtos de alto rendimento e entregues aos moradores, que trabalham e devolvem um ou dois quilogramas.
No Chiombo, existe um banco de sementes que actualmente tem 1,4 toneladas distribuídas aos seus membros. A par disso, são entregues instrumentos agrícolas e geradas escolas de campo, de modo a aumentar os níveis de produtividade por cada hectare produzido.
Há ainda os currais comunitários, focados no repovoamento animal e diversificação da economia local, para além de a pastagem de caprinos ser utilizada para o controlo de pragas, geração de adubo orgânico e produção de leite – que contribui para a nutrição infantil. A entrega de moagem também é outro nicho de negócio.
Famílias ganham sustentabilidade Madalena Chipunco, uma das beneficiárias do banco de semente, contou que inicialmente recebeu seis quilogramas, depois de cultivar, colheu 40 kg e devolveu ao banco de semente 12kg.
Na segunda vez, recebeu 20kg, depois do trabalho feito no campo colheu 120kg, restituiu 40kg, reservou 12kg para semear e o remanescente vendeu. Madalena agradece à iniciativa, tendo em conta que, com o valor da venda de feijão, foi possível atender diversas preocupações familiares, como de saúde, escola e aquisição de bens diversos.
Um dos beneficiários da caixa comunitária é António Songuila, que recebeu 180 mil kwanzas, e com o valor comprou uma moagem. Trabalhou durante três meses, depois do período, conseguiu o valor para fazer o reembolso, juntamente o juro, um total de 198mil kwanz.
Feliz com a ajuda que recebeu, e com sorriso no rosto, disse que, do trabalho que tem feito com a moagem, foi possível comprar um cabrito, enveredar para um outro negócio e ter ainda de reserva 50 mil kwanzas, para além do funcionamento da moagem que ainda está firme e diariamente tem um saldo de seis a oito mil kwanzas.
Tímida, como quem não quer nada, Antonica Vitelele recebeu 60 mil kwanzas e aplicou no comércio. Com o valor, comprou uma caixa de peixe e óleo vegetal, revendeu o produto, reembolsou, tirou lucros e reinvestiu na sua lavra, para além de comprar fármacos para proteger a sua pele, uma vez que é albina.
O coordenador do banco de semente de feijão, da aldeia do Chiombo, Venâncio Filipe Caliendela, referiu que os primeiros beneficiários foram 50, sendo 28 mulheres e 22 homens, e, dos 400 quilogramas que receberam, 50 semearam na lavra colectiva e 350 distribuíram.
Na primeira fase, tiveram um reembolso de mais de 700 kg, sendo que na segunda registaram algumas perdas, mas foi possível reservar a semente para voltarem a semear. Apesar das baixas regista- das, tem no banco 912 kg de feijão limpo e perto de 300 mil kwanzas do valor que alguns beneficiários entregaram, e outro da venda feita.
Durante o processo, registam algumas dificuldades no que toca o reembolso das sementes, mas é um número reduzido. A maioria tem cumprido com o compromisso, por esse facto, a cifra de beneficiários aumentou para 66 e o banco se estendeu para mais duas aldeias, que em breve serão independentes.