Os manifestantes, saídos da Direcção de Recrutamento Militar, pretendiam obter de Luís Nunes uma espécie de advocacia, na perspectiva de pressionar os órgãos centrais em Luanda, para que os seus nomes sejam rapidamente inseridos na folha de salário da Polícia Nacional, licencia dos que dizem ter sido pelas Forças Armadas Angolana. Na manhã de segunda-feira, 01, os ex-militares percorreram algumas artérias da cidade e rumavam ao Palácio do Governador, à praia Morena, quando as forças da Ordem Pública os impediram.
Os jovens, maior partes dos quais ostentando a patente de praça, o nível mais baixo das Forças Armadas Angolanas, afirmam que, no dia 9 de Outubro de 2023, foram informados em uma das paradas por oficiais superiores de que estavam licenciados a agentes na Polícia Nacional. Os manifestantes alegaram que a acção foi motivada com o facto de uma boa parte deles não ter recebido o salário de Março.
Edvaldo Faustino, que encabeçou o grupo de ex-militares, diz ter cumprido dez anos ao serviço do exército e que, em 2023, foi confrontado com a informação de que ele e mais 100 colegas seus seriam licenciados para a Polícia Nacional. Até Fevereiro, eles auferiam normalmente os seus ordenados, porém, no mês de Março, foi cortado sem nenhuma informação a respeito e nem enquadrados na Polícia Nacional, conforme orientação das Forças Armadas Angolanas.
Em função desse quadro, Edvaldo Faustino, que fala em mais pessoas da mesma condição em províncias como Luanda, por exemplo, não entende as razões do silêncio das autoridades face ao que ele e companheiros estão, neste momento, a passar, agora com o problema agudizar por conta do corte salário. “No ano passado, foi-nos dito que vamos ingressar na Polícia. Eu tenho 10 anos de vida militar.
No dia 31 de Março, nós fomos consultar as nossas contas e não encontramos nenhum valor “, disse o jovem natural de Luanda e a cumprir vida militar em Benguela. Edvaldo sustenta que não pretendiam, com a manifestação, promover qualquer tipo de arruaça, apenas buscar resposta sobre as questões que os está a apoquentar, dado que, doravante, vão ficar sem os salários para o sustento das suas famílias, não fossem eles chefes de família.
“Por isso mesmo decidimos sair às ruas para manifestar o nosso descontentamento sobre o que está a acontecer”, refere, acrescentando que, nos últimos tempos, têm estado a assistir à entrada de civis na Polícia Nacional, daí o nível de frustração deles.
No encontro com o comandante municipal da Polícia, superintendente-chefe Filipe Cachota, os manifestantes foram aconselhados a dirigir uma carta ao comandante provincial da Polícia Nacional. Em consequência da manifestação dos ex-militares, durante algum tempo, o trânsito na avenida Fausto Frazão, que dá para o Palácio, defronte às instalações da TV ZIMBO e TPA, ficou cortado. Por outro lado, os manifestantes reclamaram a detenção de dois companheiros seus.
Em declarações ao jornal OPAÍS, o porta-voz da Polícia Nacional, superintendente Ernesto Tchiwale, descartou e preferiu falar em “condução”, não havendo, por isso, qualquer determinação. “Estavam um bocadinho agitados e foram conduzidos para acalmá-los. Todo o serviço polícia será desenvolvido e vão ser conferidos todos os comportamentos e ver o quê os comportamentos vão dar, não é”, assegurou aquele oficial, numa conversa telefónica com este jornal.
POR: Constantino Eduardo, em Benguela