Sessenta e oito idosos assistidos pelo Lar São Vicente de Paulo, no bairro do Kassai, município do Lobito, instituição gerida pelas irmãs Filhas da Caridade de São Vicente, receberam bens de primeira necessidade, de modo a garantir um natal condigno.
Os bens vão permitir também que o lar possa, igualmente, apoiar outros idosos nas redondezas, maior parte dos quais abandonados por familiares.
No centro, cada idoso tem uma história para contar sobre as circunstâncias que os tenham levado parar ao lar das Irmãs Filhas da Caridade de São Vicente de Paulo, religiosas que há 25 anos se entregaram a esse segmento de assistência social.
Uns, por alegado abandono de familiares, outros de forma voluntária e ainda há aqueles que o centro os tenha acolhido mediante notificação de pessoas da comunidade, depois de terem vivido na rua.
No lar encontraram o amparo e, sobretudo, assistência médica de que precisavam, pois a instituição conta com um centro médico projectado, exclusivamente, a pensar nos mais-velhos.
A idosa Isabel Florinda, de tom de pele albina, diz ter sido abandonada por familiares e, durante vários dias, viu-se obrigada a pernoitar nas ruas, onde, inclusive, chegou a ser vítima de meliantes.
Tendo ouvido algures a existência de um Lar, dirigiu-se para lá na esperança de encontrar uma “mão caridosa” que a pudesse amparar. Desde o dia 20 de Janeiro que ela recebe, para além de alimentação regular e assistência médica, apoio espiritual das irmãs.
Por sua vez, a mais-velha Maria de Fátima, que há cerca 20 anos se encontra no lar do Kassai, projecta um natal mais recheado para eles neste ano com os produtos ora doados, mas, apesar disso, pede que o gesto não fique por aí.
A acção caritativa teve como benfeitor o Banco Keve, que circunscreveu o gesto no âmbito do seu objectivo de engajamento comunitário. Essa entidade bancária levou na sua bagagem bens que compõem a cesta básica, designadamente arroz, feijão, açúcar, óleo, massa, esparguete e outros produtos de higiene.
Em declarações à imprensa, a presidente do conselho de administração do Banco Keve, Elsa Dalila Silva, assegura que esse segmento de apoio da sua instituição vai continuar a zelar pelo centro, porquanto as necessidades vão para lá das de natureza alimentar.
“Elas pedem-nos mais apoios, é claro, para melhorar aqui as infra-estruturas, porque têm necessidade para acomodar os nossos mais-velhos, mas fazem isso com uma acção de leveza de espírito que merece o nosso respeito”, refere, sinalizando que a sua instituição, no âmbito da sua responsabilidade social, está a desenhar uma série de projectos cujo fito é o de ajudar os mais carenciados.
A irmã Eduarda Nassapalo, uma das gestoras do Lar, disse que os produtos vieram inverter um cenário de dificuldade que se vislumbrava, em função da subida vertiginosa dos produtos da cesta básica no mercado, de um tempo para cá, deixando, pois, as religiosas bastante apreensivas, sem saber o que fazer para alimentar os 18 idosos internos, ao que se juntam mais 60 que, semanalmente, recebem alimento.
O centro sobrevive graças à acção caritativa de missionários espanhóis, que mandam apoio a partir daquele país da União Europeia, e de pessoas de boa vontade.
“Muito obrigada, ficamos muito contentes com a sua generosidade. Vamos passar uma quadra festiva diferente, vamos estar aqui com os nossos avôs, porque, muitas vezes, nos esquecemos deles sem saber que também passaremos por ali.
Todo o carinho, amor, seria muito pouco da nossa parte”, exprimiu a irmã gestora.