“Podem construir quantas laúcas, kapandas e cambambes quiserem, se não houver um programa de educação que aconselhe as pessoas a não fazerem uso desnecessário deste tipo de luzes, vai gastar-se muita energia”.
POR: Alberto Bambi
engenheiro Olívio Sacaia Fernandes revelou que as lâmpadas incandescentes consomem bastante energia, ao ponto de comprometerem a capacidade das maiores barragens do país, como são os casos das de Cambambe e Laúca, província do Cuanza- Norte, e Kapanda, em Malanje.
“Há uma coisa que pode passar despercebida, a saber, as lâmpadas incandescentes consomem tanta energia que as grandes barragens hidro-eléctricas de Angola se vêem a braços face à sua real produção, pois 10 luminárias do género, numa única casa, podem representar mil volts”, referiu o engenheiro, tendo adiantado que, no caso de se tratar de mil residências, teremos 1 milhão de volts.
Tendo em conta que os bairros de Luanda, por exemplo, possuem mais de cinco mil casas, a ordem do consumo passaria por mais de 50 mil, o que representaria para a barragem uma saída demasiado grande e dispendiosa, de acordo com a opinião do interlocutor de O PAÍS.
Para mostrar que a utilização de tais lâmpadas em Angola, particularmente em Luanda, é teoricamente desnecessária, o académico informou que, do ponto de vista científi co, os referidos meios luminosos foram fabricados nos países europeus, por causa do frio que estava a provocar a morte de algumas pessoas.
“Como nem todos cidadãos europeus tinham a possibilidade de adquirir uma lareira em suas casas, para se aquecerem as lâmpadas incandescentes passaram a ser a opção de muitos cidadãos do Velho Continente, que estava assolado com tal situação, isto é, terem garantido ao mesmo tempo o aquecimento e a iluminação”, esclareceu Olívio Sacaia, aconselhando, em seguida, os cidadãos angolanos a fazerem um uso racional destes meios.
O académico propôs ao ministério que tutela a energia e águas para levar a cabo uma campanha de sensibilização e mobilização, na vertente educativa, sobre as vantagens do uso de lâmpadas incandescentes, a fim de se facilitarem os interesses dos consumidores e da empresa produtora e gestora.
“Porque os clientes pensam que, ao comprarem as lâmpadas incandescentes a 100 Kwanzas, estão a poupar dinheiro, quando o consumo destes materiais exige mais custos”, realçou o engenheiro, adiantando que a opção pelas fluorescentes facilita aos consumidores pouparem uma em 10. Estudos apontam que a iluminação fluorescente é 66 por cento mais barata do que a iluminação regular, segundo deixou patente o engenheiro Sacaia, que considera que a luz fluorescente dura mais tempo.
Contrariedades da fluorescente no que toca à saúde
Apesar de constituírem a opção mais viável para a realidade de Angola, as lâmpadas fluorescentes requerem um cuidado, devido à sua composição, já que a mesma precisa de vir acompanhada da destinação final correcta dos novos modelos, que contêm chumbo e mercúrio. Se forem deitadas ao lixo, as lâmpadas fluorescentes podem contaminar o ar, o solo e os lençóis freáticos.
O mercúrio e o chumbo são extremamente tóxicos e prejudiciais à saúde, possuindo o primeiro um efeito cumulativo no organismo, ao ponto de atacar o sistema nervoso e resultar em má formação embrionária, câncer ou morte. Além de causar também câncer, o segundo compromete o funcionamento normal do cérebro, dos rins, do sistema digestivo e o reprodutor.