A população da aldeia de Fuesse, comuna de Kicabo, município do Dande, província do Bengo, clamam pela conclusão das obras de construção de uma escola e do único centro de Saúde da localidade, que já duram há mais de quatro anos
Por: Maria Teixeira
A cidadã Maria Sebastião, moradora do Fuesse, declarou a OPAÍS que houve moradores desta zona da província do Bengo que chegaram a perder a vida percorrendo, doentes, a distância que separa o Fuesse das unidades sanitárias mais próximas, localizadas em Kicabo (20 quilómetros) ou Caxito (40 quilómetro).
Aparentemente angustiada, desabafou que pelo tempo em que as obras de construção do centro de Saúde duram, desde 2013, já de-veriam estar concluídas.
“O centro estaria devidamente equipado, apetrechado com medicamentos e com pelo menos dois enfermeiros a atenderem a população, mas não. Ficou apenas no esquecimento”.
Apontou que uma das causas dos atrasos deve-se ao facto de os empreiteiros ou os donos terem decidido empregar maior dinamismo na construção de uma escola, no mesmo local, a fim de que fossem inauguradas ao mesmo tempo, o que terá sido inviável. “Aqui, se a pessoa apanhar uma febre, uma reacção ou diarreia.
Tem de correr até Kicabo e são quase 40 quilómetros. Se não tiveres dinheiro para pagar a moto-táxi acabas morrendo pelo caminho”, disse a senhora. E acrescentou de seguida que “isso tem acontecido com frequência. Razão pela qual pedimos ao Governo que conclua as duas obras, para o bem da população”.
O membro do núcleo das autoridades tradicionais desta comunidade, o soba Pedro Domingos Mingues, mais conhecido por Makenga, fez saber que seria uma mais-valia se a Administração Municipal do Dande concluísse a construção da escola e do centro de Saúde que estão abandonados há cerca de cinco anos.
O soba do bairro Kipetelo confirmou que para terem acesso a estes serviços os munícipes percorrem longas distâncias a pé, em alguns casos de moto, o que, de certa forma, tem criado sérios embaraços. “As crianças estão matriculadas nas escolas de Caxito e Kicabo.
Para assistirem às aulas percorrem diariamente cerca de 40 quilómetros de casa para a escola (em Kicabo) e vice-versa”, disse o soba. Já as que estão matriculadas em Caxito percorrem uma distância maior.
Mário Miguel Augusto, por sua vez, explicou que enquanto isso, as crianças que não podem deslocar- se às localidades acima mencionadas, aprendem a ler e a escrever em templos de igrejas e debaixo de árvores na povoação. Explicou que antes do arranque das obras de construção da escola havia no local uma escola de chapa erguida pela população em pleno funcionamento.
“Quando tomamos conhecimentos de que seriam erguidos aqui um centro de saúde e uma escola, ficamos bastante felizes porque pensámos que deixaríamos de percorrer vários quilómetros até chegar à sede só para estudar ou procurar por ajuda médica. Mas já se passaram mais de quatro anos e nada feito. Agora sei que a alegria do pobre dura pouco”, contou. A equipa de reportagem de OPAÍS pôde constatar no local que as obras estão abandonadas e cobertas de capim.
A escola em construção possui sete salas, espaços delimitados para actividades ao ar livre, banheiros para alunos e professores, entre outras áreas de serviços. Segundo Mário Augusto, outro munícipe, no princípio as obras estavam a cargo de uma equipa de chineses e fazer os acabamentos coube aos angolanos. “Foram os angolanos que fizeram os acabamentos: aplicação de tecto falso e o chão bruto que lá se encontravam. Depois abandonaram tudo”, frisou.
Na esperança de obter mais informações sobre as reais causas da paralisação das obras e se já existem prazos para a sua conclusão, OPAÍS contactou o Gabinete de Comunicação Instituição e Imprensa do Governo Provincial do Bengo, mas não obteve resposta.