O regresso ao mundo do crime é uma das conversas mais sonantes no seio desses jovens, quando estão a analisar a proibição de aplicação de películas nas ruas. Os praticantes confessam que a falta de opção de sobrevivência pode levar muitos que antes estavam mergulhados na criminalidade a regressarem a este mar profundo. Por exemplo, Leandro Paraíso, do distrito urbano do Rangel, fala num possível aumento da delinquência com esta medi- da do Governo. “Se eu deixar de fazer isso, posso ser mais um delinquente na cidade. O Governo não tem noção disso.
Só estarão a aumentar a delinquência. Há pessoas que nunca pensaram fazer coisas malignas, mas, para ver os filhos na escola, serão capazes de qualquer coisa”, analisou. Neves Calunga faz a mesma referência. Apesar de afastar de si a possibilidade de enveredar no mundo do crime, diz que muitos podem decidir por este caminho do conflito com a lei. “Enquanto responsável de família não se me vejo a partir para o roubo como solução. Mas, se com essa situação os filhos deixam de estudar, não serão eles os potenciais delinquentes de amanhã?”, questionou.
O professor Manuel Fonseca, que está na actividade de aplicar peliculas há 10 anos, conta que, por via do activismo social, conseguiu tirar jovens da delinquência para este trabalho. No entanto, nos últimos dias a conversa que tem chegado aos seus ouvidos é de jovens que ponderam regressar á vida anterior da delinquência, por não terem outra actividade por exercer. “Ouço muitos a dizer que, se assim for, vão voltar à vida anterior da delinquência, o que é mau. Mui- tos de nós somos chefes de famílias, pagamos colégios; uns estão aqui, mas no período da noite vão à escola”, contou.
Automobilista: “vamos ter preços exorbitantes”
Domingos Hengue é automobilista e considera que as empresas licenciadas para o efeito vão exercitar preços exorbitantes, sendo que haverá menos opção de escolha, diferente do cenário actual em que há muita gente a oferecer estes serviços. “A Direcção de Viacção e Transito está a agir de má-fé. Tenho a certeza de que vamos ter muitas empresas com preços exorbitantes”, avançou. Explica que se definiu o valor de 115 mil kwanzas para tornar escuros todos os vidros de uma viatura de marca Toyota Corola Cross. Pelo que, adiantou, não entende a necessidade de as peliculas passarem a ser aplicadas apenas por empresas específicas, uma vez que os jovens que trabalham nas ruas podem aplicar, também, de acordo com os níveis de opacidade definidos.