Uma jovem de 29 anos de idade perdeu a vi- da, ontem, em Ndalatando, província do Cuanza Norte, na tentativa de interrupção de uma gravidez, no quarto mês de gestação A jovem, que supostamente mantinha uma relação extra- conjugal, durante cerca de dois anos, com um cidadão casado, foi aconselhada a prática do aborto pelo parceiro com quem já teve um filho de um ano de idade. Segundo o Serviço de Investigação Criminal (SIC), para a interrupção da gravidez a jovem, com a ajuda do parceiro, terá recorrido à automedicação, mas devido a complicações recorreram a um suposto enfermeiro, no bairro Sassa, periferia de Ndalatando, mas não teve sucesso.
Como as dores intensificaram, o suposto namorado levou-a ao hospital onde, segundo o SIC, já chegou sem vida. A malograda era estudante do Instituto Superior Politécnico do Cuanza Norte, onde frequentava o quarto ano do curso de Administração Pública. O suposto actor moral do crime foi detido e apresentado ao Ministério Público para a formalização do processo, ao passo que o enfermeiro encontra-se em fuga.
Cresce número de casos de aborto no Cuanza Norte O director clínico do Hospital Geral Materno-Infantil do Cuanza Norte, Gilberto Kanda, manifestou-se, em entrevista à Angop, no mês transato, preocupado com o aumento de casos de abortos provocados na província, envolvendo, sobretudo, adolescentes e jovens, que acabam, na maioria das vezes, em esterilidade ou morte.
Segundo o director, a instituição atende, diariamente, duas pacientes com sintomas de aborto provocado, que optam pela automedicação para interromper uma gravidez, acrescentando que alguns casos têm resultado em morte, enquanto outras acabam por sofrer a extracção do útero, em função da gravidade da lesão provocada por fármacos.
Em 2022, a instituição registou a morte de quatro mulheres por complicações provocadas por aborto mal sucedido. Lamentou o facto de algumas pacientes, principalmente jovens e adolescentes, serem reincidentes nestas práticas que põem em ris- co a vida ou levam à esterilidade.
Denunciou o envolvimento de técnicos de saúde em práticas do género, atitude que, afirmou, constitui violação plena dos princípios da Ética e Deontologia Profissional, facto que tem obrigado a instituição a realizar denúncias junto dos Serviços de Investigação Criminal para a responsabilização dos implicados. Para inverter o quadro, Gilberto Kanda disse que a instituição tem estado empenhada na realização de palestras em vários ciclos sociais para mobilização das jovens mulheres sobre as consequências legais e para a saúde do aborto provocado.