Um cidadão nacional, de 27 anos, foi detido pelo Serviço de Investigação Criminal (SIC), em Luanda, sob fortes indícios de ter assassinado a própria esposa, pelo facto de a vítima instá-lo a arrendar uma casa, com melhores condições para receberem o filho, que carregava no ventre havia sete meses
Joel Daniel e Fineza Baissa estavam a viver em regime de união de facto há cerca de cinco anos, e aguardavam o terceiro filho resultante da relação amorosa que unia o casal, no bairro da Mabor, município do Cazenga. O relacionamento de mais pesares do que prazeres era suportado apenas pela existência dos filhos do que propriamente do amor. Segundo testemunhas, era prática de Joel abandonar a esposa, para ficar longe do agregado por vários dias.
O relato de pessoas próximas do casal dá conta de que, com o amor frio, as desavenças e constantes agressões tomaram lugar na relação. Por isso, o estado degradante da união levou a vítima a decidir por uma separação, que não durou mais de um ano. Isso, pelo facto de Fineza ouvir e a aceitar as conversas, promessas e juras de mudança de atitude do acusado. As palavras matreiras de Joel fizeram com que a vítima aceitasse o reatamento, que lhe veio a custar a vida, no passado dia 7 de Abril, data em que acabava de completar exactos 28 anos de idade.
Segundo o porta-voz do SIC- Luanda, superintendente de investigação criminal Fernando de Carvalho, os factos ocorreram na sequência de uma briga entre o casal, pelo facto de a vítima exigir do acusado valores monetários, para arrendarem uma casa com melhores condições, para o filho que aguardavam. O superintendente avançou que as reclamações foram constantes, solicitando, também, dinheiro para a compra do enxoval. A situação deixou o jovem pressionado e furioso, de maneira a que, tomado pela ira, resolveu partir para a agressão, desferindo golpes no tórax e no abdómem.
Em seguida, colocou-se em fuga, mas veio a ser detido pela Direcção Municipal de Investigação Criminal do Cazenga, no passado dia 9 de Abril. “Os factos narram que, após um desentendimento entre o casal pelo facto de a esposa exigir melhores condições (porque se encontrava grávida de sete meses, e a casa arrendada não reunia condições para receberem o bebê), o acusado resolveu partir para a agressão”, narrou.
“Encontrei a minha irmã a sair sangue nos ouvidos”
Naisa Baissa, irmã da vítima, conta que, à data dos factos, recebeu uma chamada telefónica do acusado, a pedir que fosse a sua casa, pois justificou que a esposa estava a sentir-se mal. No entanto, quando chegou ao local, encontrou o seu familiar a expelir sangue pela boca, ouvidos e nariz. A realidade que encontrou deixou-a admirada, por saber que esses sinais não são próprios de uma mulher com dores de parto. Por isso, questionou à irmã sobre o que terá acontecido consigo. Em resposta, sublinha, a irmã revelou que o esposo espancou- a, violentamente, e que, por isso, estava céptica de que viveria.
Naisa Baissa criou condições de transporte, para seguirem ao Hospital dos Cajueiros. “Encontrei a minha irmã a sangrar nos ouvidos, nas narinas e a lançar sangue. Então, fomos ao Hospital, directamente à sala de parto. Depois de 30 minutos, a doutora disse-nos que a bebé tinha vida e que estava na incubadora. Mas, 15 minutos chamou- nos a dizer que a bebé acabou por falecer”, frisou. Uma testemunha que preferiu o anonimato, com medo de sofrer represálias, disse que, na noite em tudo aconteceu, presenciou o marido a agredir a vítima.
Mais tarde, tendo aconselhado o acusado a não praticar a violência, este desistiu do acto. No entanto, a fonte adiantou ainda que, contrariamente ao acordado, o detido decidiu co- locar a esposa a passar a noite na rua, encerrando a entrada de acesso à casa. Pelo que, convidou a amiga a passar a noite consigo, mas, esta não aceitou. Por isso, ajudou-a a bater a porta, apelando ao bom senso do esposo da amiga, a fim de permitir a sua entrada no interior da residência. Este cedeu, mas, pela manhã, apercebeu-se do triste episódio que ocorreu, durante a madrugada.