A família de Adir Gonçalves, atropelado mortalmente por um amigo à porta da discoteca Black Star, no município de Viana, em Luanda, acredita que o autor do atropelamento terá premeditado o crime que ocorreu na manhã do dia 01 deste mês, após desentendimentos.
Por: Domingos Bento
No momento da ocorrência, Adir, de 24 anos de idade, estava acompanhado pelo seu irmão mais velho, Célio Gonçalves, que também foi colhido, encontrando-se actualmente em coma no hospital Militar, segundo fonte familiar De acordo com Ernesto Gonçalves, tio, Adir, cujos restos mortais foram ontem a enterrar no cemitério de Santa Ana, estudava nos Estados Unidos da América.
No mês passado regressou à Angola para passar férias com a família. Dia 31, foi convidado pelo amigo identificado apenas por Pastor (causador do acidente) para a festa de passagem de ano na discoteca Black Star. Para não se sentir sozinho, Edir convidou também o seu irmão mais velho, Célio Gonçalves, e os três rumaram então ao local da festa onde se divertiram noite dentro.
No final do evento, por volta das 07horas, já fora da discoteca, Pastor ter-se-á desentendido com um jovem até agora desconhecido. O desentendimento ganhou proporções tais que obrigaram os irmãos a acalmarem a situação, evitando pois que as partes se confrontassem fisicamente.
No entanto, enquanto se evitava que brigassem, Pastor interiorizou-se na viatura, de marca Toyota Prado, danto logo início a uma sessão de ‘racha’, tendo consequentemente embatido contra Célio e Edir. Este último não resistiu aos ferimentos e teve morte imediata. Célio foi transferido para o hospital Militar.
Depois de causar o acidente, Pastor tentou ainda fugir, mas foi cercado pela multidão que o conduziu ao Comando Municipal de Viana da Polícia Nacional. Para Ernesto Gonçalves, a forma como Pastor embateu contra os seus sobrinhos demonstra que havia, claramente, intenção de matá-los, pelo que requer o empenho das autoridades para que a justiça seja feita.
“O vídeo do acidente está a rolar por ali. E é claro que ele (o Pastor) quis matar os miúdos. Conseguiu tirar a vida de um e agora lutámos para que o outro se recupere. Isso não pode ficar assim, a justiça deve ser feita porque se a confusão era contra uma outra pessoa, como é possível atingir os outros que ele próprio levou à festa?”, atestou.
Quem também não acredita que seja um mero acidente é Correia Salvador, irmão da vítima. Em seu entender, dado o comportamento negativo de Pastor, pode-se concluir que o mesmo teve a intenção de matar os irmãos. Conforme contou, o autor do acidente tem demonstrado uma conduta errada.
“Várias vezes ele (o Pastor) já foi enxotado da nossa casa, mas insistia em vir. Parece que tinha um propósito para com a nossa família. É uma pessoa desagradável e de má conduta, desviada. Tanto insistiu em frequentar a nossa casa que acabou por tirar a vida do meu irmão. É bastante doloroso”, lamentou.
Oomovidos
A morte de Adir Gonçalves foi registada em vídeo, que se tornou viral nas redes sociais. O caso chocou centenas de pessoas, sobretudo os frequentadores da discoteca Black Star que testemunharam a ocorrência e solicitaram, dos responsáveis do espaço, mais segurança policial. “Não é a primeira vez que ocorrem brigas naquele espaço.
Se eles tivessem apostado mais na segurança, principalmente no patrulhamento policial durante as festas, acredito que os jovens não teriam esse final trágico. Mas infelizmente os responsáveis pelos espaços noturnos só pensam no lucro e não na segurança das pessoas”, lamentou Márcia Junqueira, frequentadora do espaço.
Discoteca lamenta
Ontem, durante todo o dia, o OPAIS tentou entrar em contacto com os responsáveis da discoteca Black Star, porém sem sucesso. Em nota plública, o espaço lamentou a ocorrência e afirmou que foi “impossível prever, mas que nos deixa a todos consternados”.
De acordo com a nota, a ocorrência aconteceu “no fim da Festa de Reveillon, à berma da estrada, defronte a discoteca”, tendo o espaço assegurado que desconhece as razões que levaram o jovem a atropelar os dois irmãos.
O autor do acidente já está detido, e segundo Mateus Rodrigues, director do Gabinete de Comunicação Institucional e Imprensa da Delegação do Ministerio do Interior de Luanda, o processo segue os trâmites necessários para ser remetido aos órgãos de justiça, por forma a responsabilizar o acusado no âmbito do preceituado pela lei.