Para se inverter o quadro, as autoridades tradicionais estão a sensibilizar os habitantes desta zona a não circularem pelas margens do rio Quê, principalmente depois de chover
POR: João Katombela, na Huíla
Sete pessoas morreram em sete dias na comuna do Quê, a 45 quilómetros da sede municipal de Chicomba, na província da Huíla, ao serem atacadas por um Jacaré, no rio Quê. A informação foi avançada recentemente a este jornal pelo soba daquela localidade. Ele explicou que as vítimas mortais foram atacadas quando se dirigiam ao rio em busca de água para o consumo doméstico. Kateke Nangolo informou ainda que as principais vítimas do ataque deste réptil foram mulheres e crianças que desempenham actividades pastoris, alguns foram atacados no momento em que levavam o gado a pastar, nas margens do referido rio. “As vítimas são maioritariamente as mulheres, quando vão lavar a roupa ou buscar água para beber e ainda as crianças que pastam os bois”, disse.
Acrescentou de seguida que “estamos preocupados com as mortes de muitas pessoas aqui, na nossa comuna do Quê. São sete pessoas que perderam a vida atacadas pelo jacaré, porque nesta altura o rio está muito cheio, e os jacarés circulam nas margens”. Para inverter o quadro, a autoridade tradicional garantiu que está a sensibilizar os habitantes da sua área de jurisdição a não circularem neste local depois das chuvas. Por outro lado, o soba Kateke Nangolo explicou que o sistema de captação e distribuição de água da sua comunidade, recém- inaugurado, não tem capacidade suficiente para fazer com que os munícipes deixem de ser as presas fáceis do animal anfíbio. Ainda assim, a nossa fonte acredita que o referido sistema não inibirá as pessoas de se dirigirem ao rio e alertou que as vítimas residem em zonas ribeirinhas. “Este sistema não vai reduzir os casos de mortes por ataque de jacarés, porque só abrange pessoas da sede da comuna, mas os que morreram são pessoas que vivem próximo do rio e lá não foram feitas ligações domiciliares”, afirmou.
Falta de vacinas preocupa criadores de gado
Entre outras preocupações, os habitantes da comuna do Quê, no Sul do município de Chicomba, apontaram a falta de medicamentos no único posto de saúde, a ausência de professores e a carência de vacinas para o gado, como os problemas que de ser resolvidos imediatamente. Segundo o soba daquela localidade, ouvido pelo OPAÍS, a falta de vacinas tem dificultado a prática da agricultura, uma vez que esta é desenvolvida sobretudo com tracção animal. De forma a contribuir para o trabalho do Governo na realização periódica das campanhas de vacinação animal na localidade, Kateke Nangolo revelou que a população daquela comuna construiu mangas de vacinação. “Nós já construímos as mangas de vacinação na nossa comuna, só nos faltam mesmo as tais vacinas que o Governo não está a disponibilizar. Nós dependemos dos bois para cultivar. Quando ficam doentes, não temos como trabalhar a terra, por isso, pedimos ao Governo que nos traga as vacinas”, solicitou o líder tradicional. Este jornal apurou junto dos criadores de gado, que as doenças mais frequentes na população bovina são as pulmonares, carbúnculo hemático e sintomático.