O responsável da Hemoterapia do Hospital Geral e supervisor do Instituto Nacional de Sangue em Benguela, Adelino Domingos, afirmou, quarta-feira, estar preocupado com cidadãos que vêem a doação deste importante líquido como uma forma de obterem contrapartida financeira, tendo denunciado que alguns se aproveitam da aflição das famílias abortando-as à porta dos hospitais
Falando a O PAÍS e à RNA, à margem da campanha de doação de sangue desenvolvida por agentes prisionais, o responsável destacou que, por dia, o Hospital Geral de Benguela regista uma média de 40 intervenções cirúrgicas, sujeitando a sua área a vários desafios, mas dentro das limitações têm conseguido dar resposta à demanda. O supervisor do Instituto Nacional de Sangue em Benguela, Adelino Domingos, manifesta o desejo de diminuir consideravelmente a doação familiar e manifesta preocupação para com aqueles cidadãos que têm na doação de sangue uma prática comercial.
Em meio à aflição de familiares, indivíduos há que procedem à doação de sangue mediante contrapartida financeira, maior parte dos quais seduzem famílias mesmo à porta de hospitais. “Desaconselhamos este tipo de práticas. Normalmente, estes doa- dores têm comportamento de risco. O comportamento de risco faz parte daquilo a que nós chamamos de inquérito ao doador. Esse doa- dor, se for comercial, ele não nos vai dar informações correctas, porque está preocupado em receber”, disse.
Por outro lado, Adelino Domingos argumenta que o centro de hemodiálise é a área do hospital para o qual têm estado a prestar maior atenção, por também atender a doentes provenientes de províncias como a do Cuanza Sul que, em muitos casos, não têm familiares que os possam fazer uma doação. O atendimento pontual ao centro tem sido possível graças ao aumento de cultura de doação de sangue por parte de alguns cidadãos, de sorte que o quadro de morte, por alegada falta de sangue, está completamente invertido. Na manhã de quarta-feira, 15, 25 agentes dos Serviços Penitenciários de Benguela procederam à doação de sangue na área de hemoterapia do Hospital Geral de Benguela, com o objectivo de salvar vidas.
A actividade é circunscrita na jornada do 20 de Março, dia dos serviços prisionais em Angola. “Nós temos sempre algum sangue capaz de resolver o problema do doente. Por isso é que, depois da doação de hoje e da semana passa- da, nós ainda continuamos a pedir sangue aos familiares para manter o mesmo stock”, disse, que soma cerca de 50 doações nos últimos dias. Faltam doadores do tipo RH Negativo O responsável esclarece que as situações com que a sua unidade se tem deparado estão relacionadas com a falta de doadores com factor RH Negativo, o que o leva a concluir que oito por cento da população angolana seja do grupo sanguíneo acima referido. “Quando nós temos doentes com este factor, aí a preocupação aumenta.
A nossa gestão também orienta que, sempre que nós tivermos uma unidade do factor RH- NEGATIVO, tem de ser conserva- da, guardada até ao limite”, justifica. Em caso de problemas de ruptura de stock naquela unidade sanitária, Adelino Domingos assegura que a cooperação com outras unidades congéneres que se traduzem, fundamentalmente, no envio do líquido. “Entramos em contacto com o hospital municipal, o hospital da Graça e até podemos ir ao Hospital do Lobito para pedirmos sangue para este eventual paciente. Há muito tempo que nós não te- mos situação igual a esta, os doentes morrem por outras patologias.
Pode estar envolvido uma anemia severa, mas não significa que este doente não transfundiu”, realça. Para finalizar, disse que todos os dias temos solicitações para transfusões e têm de recorrer aos familiares, que não é muito aconselhável, porque um familiar tem os seus riscos, mas tem sido uma das alternativas. Apelou aos cidadãos que cada um deve ter a cultura de ir a um hospital fazer este tipo de doação.
POR: Constantino Eduardo, em Benguela