Três anos depois, o incendio que devastou o Kambumbe Lodge, na cidade de Menongue, província do Cuando Cubango, continua sem culpados, segundo o empresário Elias Chimuco, proprietário do espaço. O empresário desconfia que haja uma “mão invisível maldosa” por detrás do incêndio que devastou, há três anos, o seu pro- jecto Kambumbe Lodge, por isso manifesta-se disposto a com- pensar com USD 100 mil e uma casa no Kilamba para quem ti- ver pista que o levem ao mandante do suposto crime.
O empresário afirma que, com o incêndio de há três anos, morreu um projecto de tornar a área de Menongue numa cidade satélite, visando a atracção turística e, por conseguinte, a geração de empregos de que aquela circunscrição do território nacional tanto precisa. “Quando ocorre o incêndio, os feiticeiros procuraram insinuar, chegou-me aos ouvidos, que era queima de arquivos. Mas que arquivo é este que eu vou queimar que custa assim tanto dinheiro?”, questionou.
Três anos depois de o incêndio ter consumido o Lodje, o empresário reclama da morosidade de um processo que até chegou a produzir dois detidos, entretanto já postos em liberdade por falta de provas, sem que houvesse uma conclusão plausível para ele. Elias Chimuco acusa, assim sendo, os insinuadores de queima de arquivo por parte dele de não quererem o desenvolvimento da província do Cuando Cubango, por promoverem o tribalismo.
“E eu também tenho aqui um apelo para dizer, para os munícipes da nossa bela terra, o seguinte: Eu vou oferecer 100 mil dólares para quem denunciar, num envelope fechado, os mandantes da queima do lodge. Ofereço uma casa no Kilamba e uma viagem para o Dubai”, prometeu, assegurando confidencialidade.
Conjunto de aflições à vista – diz sociólogo
Por seu lado, o sociólogo Nicolau Pinto Garcia entende que ofertas dessa natureza causam às pessoas aquilo que chama de “aflição social”, para além de motivar uma agitação nacional, principalmente para quem resida em Menongue, onde os factos aconteceram, a julgar pela situação financeira de muitas famílias, aliada ao actual quadro da economia nacional.
“No sentido de que, ainda que não existam os reais culpados, pode se induzir um grupo de cidadãos para culpabilizar alguém, apenas para obter vantagem”, refere. O especialista sugere a Chimuco que reverta as compensações a favor de agentes do Serviço de Investigação Criminal, de modo a que aquele órgão, afecto ao Ministério do Interior, disponha de mais meios para apurar efectivamente o que aconteceu na sua propriedade.
Jurista adverte para alguma cautela
Juristas consultados por este jornal são unânimes em advertir para a necessidade de se ter alguma cautela, de modo a que ele não corra o risco de compensar alguém que vá apontar um inocente, dado que as compensações do empresário são como que “apetecíveis” e não descarta a possibilidade de haver aproveitadores. O jurista Hipólito Capingalã sustenta, porém, que a confissão, por si só, é insuficiente para elemento probatório em tribunal, por causa do princípio de presunção de inocência, que só termina com trânsito em julgado. Este jornal não conseguiu obter do SIC local alguma informação relativa ao andamento do processo.
POR: Constantino Eduardo