O velho de 76 anos de idade, que em vida respondia pelo nome de Francisco Domingos João Sardinha, morreu na madrugada de ontem em consequência de um incêndio na rua do Santo Rosa, distrito do Sambizanga, município de Luanda, apurou o OPAÍS na localidade.
POR: Maria Teixeira
O incidente teve lugar quando a residência do malogrado, maioritariament e construída com madeira, pegou fogo, deixando a vítima sem possibilidade de fuga, segundo relatos de alguns vizinhos. O incêndio foi controlado pelo Corpo de Bombeiros após uma chamada de emergência dos vizinhos ao centro operacional, contudo, o homem não resistiu e faleceu mesmo no local, dada a gravidade das queimaduras.
Segundo algumas fontes, a Polícia e o Corpo dos Bombeiros foram imediatamente accionados para averiguarem a área, entretanto, ainda não há referências sobre as causas do fogo. O cadáver está sob cuidados da Polícia e o caso será investigado. Francisco Domingos João Sardinha, de 76 anos, vivia sozinho, sempre residiu naquele bairro e era tido como uma pessoa calma e trabalhadora.
Manuel Sardinha, um dos seus filhos, relata que nos últimos dias o pai encontrava-se doente e tinha o pé inflamado, o que lhe dificultava deslocar-se, e, como sempre, viveu sozinho. Contava apenas com a ajuda de uma sobrinha que lhe fazia as suas refeições. “Nós, os filhos, sempre vivemos distante, mas todas as semanas eu passava para lhe ver e saber como estava, porque sempre gostou de viver aqui neste bairro”, revelou.
A sobrinha da vítima, Antónia Paim, explicou que tudo aconteceu quando faltavam menos 10 minutos para as 3 da manhã, quando se apercebeu do fumo que circulava na sua residência. Julgando que havia fogo em sua casa, com pressa levantou-se e dirigiu-se ao quintal para perceber o que se passava. Não tendo detectado nada, não abriu o portão que dava acesso à rua.
“Vi realmente o fumo, mas pensei que fosse ele a varrer ou a juntar o lixo àquela hora, mas não passou muito tempo, o fumo ficou intenso e nesse momento ouvi ele a gritar fogo, socorro. Nessa altura, levantei-me novamente com pressa. Fui ao quarto dos meninos, lá já estava muito quente, e tirei apenas os mesmos para fora”, revelou.
Segundo Antónia Paim, o fogo começou na parte frontal, soprado pelo vento e com a quantidade de coisas que o malogrado tinha em casa, foi se alastrando no seu interior, e em fracção de segundos a casa de madeira começou a cair, porque tinha muitos objectos de plástico e ferrovelho. “Depois de se extinguir o fogo encontrámos o meu tio morto num canto, acredito que ele tentou refugiar-se num canto para fugir do fogo, porque a chama era de um tamanho que impossibilitava a entrada de qualquer pessoa na residência”, explicou.
Em casa, o malogrado não tinha energia eléctrica nem fogão de cozinha. As refeições eram feitas pela sobrinha que morava ao lado da residência. “Presumo que seja alguém do lado de fora que por qualquer motivo tenha fumado ou atirado alguma beata, porque o fogo veio de fora para dentro”. Alguns moradores referiram que antes das chamas ouviram algumas explosões. Ainda não é possível precisar o que terá exactamente causado o incêndio, contudo, há informações não confirmadas segundo as quais alguém de má-fé tenha propositadamente ateado fogo à casa.