O Instituto Nacional da Criança (INAC) defende a necessidade da criação e veiculação de programas infantis em línguas nacionais nas rádios e televisões do país, com a finalidade de se incluir os menores das regiões longínquas das cidades, que, normalmente, não têm domínio do idioma oficial
A necessidade foi defendida pela directora- geral adjunta do INAC, Elisa Gourgel, que falava, em exclusivo para o jornal OPAÍS, a propósito do Dia Internacional da Criança na Rádio e na Televisão assinalado neste Domingo, 5 de Março. Elisa Gourgel adiantou que as crianças que não percebem a língua portuguesa ficam sem a possibilidade de serem cativadas por programas emitidos numa língua diferente da que é falada por si. Por isso, explicou, estes menores até ouvem ou assistem, no entanto, fazem-no desatentamente, pelo facto de não perceberem as informações transmitidas.
“Nada os poderá cativar por não estarem a entender”, disse. Apelou os decisores a adoptarem na programação nos órgãos de comunicação social a inclusão ou melhoria de conteúdos, no sentido de todas crianças terem a mesma oportunidade de consumirem informações adequadas à sua idade. “É preciso que haja programas infantis em línguas nacionais. Nessa altura, todas as crianças estariam envolvidas e, acredito, não estaríamos a consumir muito de outras culturas. Consumirmos o nacional é muito melhor para o desenvolvimento integral, sadio e cultural das nossas crianças”, defendeu. Esta falta faz com que muitas crianças estejam ligadas a canais cujos conteúdos não coadunam com o seu quotidiano, o que, avançou, pode influenciar negativamente no comportamento dos menores, que desenvolvem atitudes agressivas.
Direito das crianças nos programas
A responsável do INAC alertou, também, para a implementação de mais espaços nas rádios e televisões que divulguem os direitos das crianças, uma vez que estes têm sido constantemente violados na sociedade e, inclusive, no seio da própria família. Para tal, revelou ser necessário a existência de conteúdos com maior qualidade, na medida em que o programador ou quem faça parte do sistema de comunicação a nível da rádio e da televisão estejam virados também para as comunidades. “É necessário que se melhore mais os conteúdos à luz dos direitos da criança; à luz da Convenção dos Direitos da Criança”, sublinhou.
No Sábado, 4, realizou-se um encontro de formação entre o INAC e jornalistas. Participaram vários repórteres de diferentes rádios e televisões, em todo país, com foco na abordagem dos direitos da criança. Aos menores, Elisa Gourgel lembrou que, actualmente, existem muitos repórteres e apresentadores que começaram na infância, razão pela qual disse acreditar que muitas crianças hoje,podem trilhar o mesmo caminho. Para os encarregados apelou a darem, continuamente, o amor necessário às crianças, não as deixando caminhar sozinhas nas ruas, porque, acautelou, longe dos seus responsáveis estão sempre em perigo iminente de serem abusadas por algum agressor.
Por fim, felicitou as crianças, repórteres, programadores e todos apresentadores infantis por ocasião do dia 5 de Março, dedicado à criança na rádio e na televisão. A efeméride foi instituída pelo Fundo de Emergência Internacional para Crianças das Nações Uni- das (UNICEF), desde 1991, com o objectivo de chamar a atenção dos programadores para a qualidade dos programas infantis.