As mulheres, os homens e crianças, com idades compreendidas entre os dois e os 79 anos, preenchem a lista de casos de complicações por hemorroida no Hospital Geral de Luanda.
O número de crianças tem sido mais reduzido, com uma média de três registos por mês, segundo Mateus Campos, em entrevista exclusiva ao jornal OPAÍS.
O também médico-cirurgião, há mais de vinte anos, disse que a doença tem vários factores, mas o principal tem sido os hábitos alimentares e má higienização.
“São as mulheres que lideram a lista, seguidas dos homens e por último as crianças”, esclareceu. A maior parte dos casos, assegurou, tem sido feito com tratamento medicamentoso e não o cirúrgico, mas reconheceu que existem várias técnicas de tratamento para esta doença, como os meios mais modernos e outras convencionais, que muitos já estão em desuso.
Segundo o especialista, até ao momento não tiveram registo de casos de óbito, mas sim de mutilação de um adulto, feita pelo tratamento não convencional, em que o paciente teve de ser submetido a três cirurgias para melhoria o seu estado de saúde.
A fonte considera como sendo os casos mais complicados aqueles que passam ainda no tratamento tradicional, pois os doentes aparecem com complicações graves, como incontinência anal, sangramento e infecção do ânus.
“Muitos acabam por ser submetidos à cirurgia mais agressiva e a situação torna-se pior para o doente”, enfatizou.
Muitos dizem que vão fazer o tratamento tradicional de muquila (cauda), e as senhoras tradicionalmente cortam uma parte do ânus sem as medidas orientadas pelos métodos da medicina e sem a devida preparação.
“Muitas vezes, nestes tratamentos, danificam também as zonas de contenção do ânus e a pessoa fica com incontinência, começa a fazer necessidades maiores e não sente nada”, disse.
Médico desaconselha tratamento tradicional O especialista aconselha a população em geral que, quando sentir incómodo, de um corpo estranho, inflamação ou sangramento, deve, com urgência, contactar o centro de saúde mais próximo da sua residência, e caso haja necessidade será encaminhado para os médicos de especialidade.
Apesar de admitir que alguns métodos tradicionais, como banhos de assento com algumas ervas medicinais, que têm carácter antisséptico e analgésico, ajudam no tratamento de doentes do grau I e II, o especialista desaconselha outros métodos.
Ainda no mesmo hospital, conhecemos o jovem Bernardo Carvalho, de 36 anos, residente na capital do país, que se encontra em estado de alerta, porque fez o tratamento tradicional e disseram que estava com hemorroida, quando afinal o seu diagnóstico é de um tumor no ânus.
Neste momento, está a ser preparado para fazer uma cirurgia com urgência. Por outro lado, o médico referiu que todas as bebidas fermentadas não são boas para o trato gastrointestinal, porque aumentam o nível de gases e de substâncias que irritam a região anu-rectal, pelo aumento da pressão e de substâncias que deterioram a mucosa anal.
“A cerveja não é uma boa bebida, pela fermentação, para pessoas que já são propensas ao aparecimento da hemorroida”, aconselhou o especialista.
Tratamento tradicional de hemorroida chega a custar 20 mil kz
Segundo o terapeuta tradicional, Bernardo Ngunza, natural da província do Uíge, de 45 anos, residente no município de Viana, o tratamento da hemorroida é possível, na sua especialidade, com o uso de pele de caracol, pele de jiboia, várias raízes, que são transformados em pó e administrado ao donte.
É feito medicamento líquido para tomar, e outros para tampar o ânus, bem como para fazer vaporização na parte de baixo.
O procedimento é feito num período mínimo de quinze dias, duas semanas, e, de acordo com o estado do doente, pode avançar ou não a data limite.
“Para a hemorroida interna, o preço é de 20.000 kz, ao passo que, para o caso da hemorroida externa, o cliente pode pagar até 15 mil kwanzas, no mínimo”, disse o terapeuta tradicional.
Manifestou que tem sido muito solicitado pelas famílias, até ao momento, nunca recebeu nenhuma reclamação pelo tratamento de hemorroidas, os doentes encontram a melhoria do estado de saúde e ainda trazem outras pessoas para serem também tratadas.