O consumo de água proveniente de charcos e lagoas tem provocado doenças diarreicas agudas e mortes, as principais vítimas são crianças. O aldeamento do Ludy situa-se a 15 Km do Panguila, província do Bengo
Texto de: Milton Manaça
A água consumida pela população do Ludy, de cor acastanhada e povoada por larvas, é retirada das zonas de cultivo, de lagoas formadas pelas chuvas que se acumulam em zonas mais baixas.
O líquido é usado para beber e sem passar por processo algum de tratamento, segundo os moradores ouvidos pela equipa de reportagem de OPAÍS. Situado a 15 Km do Paguila, na província do Bengo, o aldeamento Ludy passou a ser mais conhecido em finais de 2013, após a construção de 204 residências destinadas a camponeses vulneráveis, uma construção que, ironicamente, não contemplou um sistema de captação e distribuição de água potável, um facto que à maioria das sete mil pessoas ali residentes, em que se incluem as famílias do aldeamento, obrigou a procurarem água para o consumo em lugares distantes.
As doenças diarreicas agudas figuram entre as patologias mais frequentes no seio da comunidade, um quadro que, segundo a população, está associado ao consumo de água imprópria.
“Temos registado aqui casos de mortes, principalmente de crianças, por causa da água”, queixou-se a jovem Regina Tchieva. Já Marcelina Tecas, uma das beneficiárias do projecto habitacional, disse que já se registou um surto de diarreia na área, porém, a população não tem outra alternativa senão fazer uso e consumo da mesma.
Em consequência dessa realidade, a cidadã não descarta a hipótese de outros surtos eclodirem no Ludy. Segundo o coordenador do bairro, Aurélio Jimbe, as famílias com baixa renda compram água a partir de camiões cisterna, porém, a maioria, sem recursos, não tem outra alternativas senão consumir a água dos charcos e lagoas.
O responsável da comunidade do Ludy disse que a população, maioriamente camponesa, esperava que as autoridades minimizassem a situação fornecendo água potável, gratuitamente, em camiões cisterna, enquanto se montava um sistema de captação de água a partir do Rio Bengo que se avizinha à comunidade.
Posto médico só funciona durante o dia
Mesmo depois da construção das 204 residências, as noites no Ludy continuam escuras por falta de energia eléctrica. Aurélio Jimbe disse que desde 2014, quando parte da população se transferiu para as 204 residências, aguardam pelo clarear das lâmpadas,
mas até agora apenas lá existem os postes. Por esta razão, o único posto médico existente no local permanece encerrado às noites, sendo que a população beneficia de cuidados médicos apenas durante o dia.
Segundo o coordenador Aurélio Jimbe, o posto médico não possui medicamentos e os enfermeiros não são suficientes para a demanada de pacientes. Estas foram algumas preocupações apresentadas à delegação do Ministério da Acção Social, Família e Promoção da Mulher, chefiada pela titular da pasta, Victória da Conceição, e pela governadora do Bengo, Mara Quisa, que Quintafeira realizou uma visita de constatação a esta província. em fizeram uma visita de constatação ao Bengo.