Ao todo, serão três vias estruturantes alternativas que vão ser construídas a partir do final deste primeiro trimestre, o que vai permitir uma maior mobilidade ao distrito urbano do Zango, um dos mais habitados de Luanda, e que, actualmente, debate-se com sérios problemas de tráfego devido a precariedade e a incapacidade de escoamento da única estrada de acesso
O Governo Provincial de Luanda (GPL) descartou um eventual pro- cesso de demolição e desalojamento forçado de moradores na construção de novas vias alternativas que vão ligar o distrito urbano do Zango, no município de Viana, a outras áreas da capital do país.
Com o arranque das obras, marcadas para o final deste trimestre prestes a iniciar, os populares que vivem à volta do perímetro onde vão ser construídas essas vias mostram-se apreensivos em relação a um eventual processo de demolição e realojamento forçado para outras zonas, situação que já foi descartada pelo GPL Entretanto, sendo certo que os processos de demolição e realojamentos forçados têm sido das questões mais fracturantes ao nível daquele distrito, um dos mais habitados da província de Luanda, Conceição Oliveira frisou que não haverá necessidade de realojar a população, contraindo assim as informações desencontradas que “retiravam o sono” aos moradores locais.
Conceição Oliveira esclareceu que os locais aonde vão passar as novas estradas são vias pré- existentes e que precisam apenas de ser estruturadas para suportar um número maior de tráfego. “Não haverá necessidade de realojar a população, na medida em que são vias pré-existentes e que precisam apenas de ser estruturadas para suportar um número maior de tráfego”, apontou.
Obras às portas de arrancar
Por seu turno, o director do Gabinete Provincial de Infra-estruturas e Serviços Técnicos do Governo Provincial de Luanda (GPL), Calunga Quissanga, definiu o final deste primeiro trimestre do ano como o prazo indicativo para o início das obras que, frisou, vão dar maior alento aos moradores do Zango que enfrentam sérios problemas na mobilidade. Referiu que as três vias estruturantes fazem parte de um pacote em que incluem outras zonas de Luanda cujos expedientes financeiros já foram aprovados pelo Presidente da República, João Lourenço, sem, no entanto, avançar um valor concreto.
Em termos práticos, conforme consta do projecto, vão beneficiar de obras para o tráfego auto-móvel e de peões as ruas Hulesi, da Pomobel e do Muxima Umo- xi, esta última arredores da vida Pacífica. No conjunto, essas vias deverão ligar o interior do Zango a outras zonas de Luanda como a Via Ex- pressa Fidel de Castro, Cacuaco e a Centralidade do Kilamba, através do KK 5000.
Ao todo, sabe-se que a construção destas faixas vai estar contornada numa extensão de 38 quilómetros de estradas que vão garantir mobilidade aos automobilistas e transeuntes que aguardam por melhorias significativas na trafegabilidade no Zango.
Para além da mobilidade, o GPL assume que as novas vias de acesso ao Zango terão ainda infra-estruturas integradas, incluindo passeios, iluminação pública, drenagem pluvial e residual e macro drenagem.
“O martírio do entra e sai do Zango’’
Para quem vive ou circula pelo Zango, a ‘boa nova’ sobre a construção dessas novas vias representa um verdadeiro alívio, a julgar pelas condições actuais de mobilidade naquela parcela do município de Viana. Apesar de ser dos distritos urbanos mais habitados, trafegar pelo Zango constitui um martírio para quem lá vive ou visita, sobretudo em períodos chuvosos como o actual.
Entretanto, devido à precariedade das vias, os automobilistas levam largas horas para chegarem ao destino, num verdadeiro constrangimento de entra e sai. Todavia, apesar de algumas obras de requalificação feitas recentemente, ainda assim, as vias do distrito não são suficientes para atender a quantidade de automobilistas que circulam pelo Zango, sobretudo nos períodos de pico, das 06 às 10 e das 17 às 20 horas.
Pedro Nestor, taxista, que há mais de cinco anos circula pelo Zango, disse não ser uma tarefa fácil andar pelo distrito por conta dos constrangimentos que a falta de vias tem causado. “Não é fácil, meu irmão. Perde- mos muito tempo aqui no Zango. Uma corrida, que poderia levar trinta ou vinte minutos, acaba- mos por fazer em duas a três horas. Não é fácil”, deplorou. “Pára-se mais do que trabalhar”
Já Gaspar Fernandes, mototaxista, disse que, todos os dias, pára-se mais do que trabalhar no Zango, devido aos engarrafamentos criados pela precariedade das vias. “É muito frustrante andar no Zango. Aqui pára-se mais do que trabalhar. É muito engarrafamento. Só Deus sabe do nosso sofrimento”, destacou.
“Mais celeridade”
Quem também deplora as condições actuais de mobilidade no Zango é o cidadão João Loth, que vive no distrito há mais de seis anos. Conforme referiu, tendo em conta o projecto de construção e reabilitação de novas vias, é necessário que haja maior celeridade para devolver a mobilidade aos automobilistas.
“Que haja mais celeridade. Não podemos continuar a viver nessas condições. É um estresse constante”, apelou. De igual modo, Baptista João, entende ser necessário que o projecto de requalificação de novas vias não seja apenas meras intenções no papel, mas que venham de facto a ser concretizadas. “Temos visto muito boas intenções, mas que do papel não saem. Esperamos que esta intenção não seja apenas mais uma. Mas que venha a ser real”, frisou.