O Governo Provincial de Benguela tem em carteira a destruição do bairro do Matadouro, zona E do município sede, para dar lugar ao prolongamento da marginal da Praia Morena até à foz do rio Cavaco, uma empreitada orçada em 700 milhões de kwanzas, conforme dados oficiais. O vice-governador para o sector técnico e infra-estruturas, Adilson Gonçalves, esclareceu, em declarações à imprensa, além de estar em curso a construção de casas, muitos dos moradores vão ser realojados em algumas residências nas três centralidades
As cerca de 100 famílias que residem neste bairro, sito na orla marítima, descrita como zona de risco devido ao histórico de calemas da costa de Benguela, já foram catalogadas e serão realojadas de acordo com as condições de habitabilidade de cada casa. Da ronda feita por este jornal pelo bairro, foi possível divisar que a maior parte das casas tem já um sinal a indicar possível destruição, ao que seguiu informação prévia a cada morador do bairro adjacente ao Hospital Geral.
Para o realojamento do bairro do Matadouro, o Governo de Benguela garante ter definido residências de três tipologias, designadamente, aqueles cujas casas estejam melhor estruturadas serão instalados nas três centralidades. O segundo cenário é o das casas semi-precárias e o terceiro é o das residências precárias. As famílias que habitam em residências que se enquadram nessas duas categorias, vão ser instaladas em moradias T2, 3 e 4, que estão a ser erguidas na zona de Benguela Sul, nas imediações do novo ISCED, no sentido Baía-Farta/ Benguela, segundo o vice-governador para o sector Técnico e Infra- estruturas, Adilson Gonçalves.
“Já conversamos com as pessoas. Já explicamos qual é o processo que vai ocorrer. Elas estão conscientes de que deverão ser transferidas para uma zona mais segura. Neste momento, estamos a cadastrar os moradores que se encontram no primeiro perímetro (aí onde está o pequeno Brasil, em direcção ao famoso bairro Matadouro). Já estão cadastradas 21 famílias”, disse, tendo referido que, numa primeira fase, a perspectiva é a de retirar de lá pelo menos 30 a 40 famílias.
Por esta altura, estão já concluídas duas casas modelo e melhora-se a acessibilidade à zona, os arruamentos, na perspectiva de dar origem às 80 residências que se prevê construir lá. “O número não vai para lá das 80 casas. Aquela é uma urbanização que prevê chegar até às 300 habitações, para, de forma gradual, nós irmos realojando as pessoas em zonas que estão no perímetro do bairro do Matadouro e os da continuidade”. De salientar que em edições anteriores, este jornal já se tinha referido ao número de casas a ser construída para famílias em zonas de risco.
Moradores do prédio dos Cooperantes sem destino à vista
Em relação aos moradores do prédio dos Cooperantes, cujo clamor foi também reportado na edição de Sexta-feira desta publicação, o vice-governador de Benguela optou por não avançar horizonte temporal para a sua evacuação, tendo reconhecido ser um processo antigo – entretanto, já reactivado – toda- via assegura trabalho para – o mais rapidamente possível – retirar de lá as 400 famílias. “É nossa vontade fazê-lo a qual- quer momento, mas, como sabem, não fazemos as coisas do dia para a noite.
Temos de trabalhar sobre este processo”, disse, que não avança nenhuma zona para o realojamento dos moradores. Além da extensão da marginal da praia Morena, o Governo de Benguela associa a destruição do bairro ao perigo das calemas, por muito próximo da orla marítima. Há muito que o bairro tem vindo a preencher o gráfico da criminlidade. Fontes da Polícia Nacional lembram que o bairro é o maior centro de venda de liamba e o desalojamento pode vir a ser uma mais-valia, no que à segurança diz respeito.
POR: Constantino Eduardo, em Benguela