O director do Gabinete Provincial da Saúde anunciou o encerramento, a partir de 1 de Fevereiro, dos serviços prestados pela clínica “Internacional” de consultas externas e de farmácia, gerida por entidades privadas (AFRIVIDA), no interior do Hospital Geral de Benguela (HGB). Com o gesto, António Manuel Cabinda extingue uma prática que, segundo o Ministério da Saúde, viola as normas.
POR: Constantino Eduardo, em Benguela
A decisão do Governo Provincial foi aplaudida por vários segmentos sociais, pois, no consulado de Isaac dos Anjos, em que a clínica foi instalada, muitas vozes se levantaram contra, com o argumento de que lesava os interesses normativos do Ministério da Saúde. Uma dessas vozes foi a do então ministro da Saúde, Luís Gomes Sambo, que advertia para a necessidade de se respeitar o regulamento do seu sector, que não admite a instalação de uma entidade privada – no caso clínicas – num hospital público e apelava ao Executivo de Isaac dos Anjos que invertesse o quadro. Este jornal soube de fontes palacianas que Manuel Cabinda não agiu de forma isolada.
De acordo com a nossa fonte, quando chegou a Benguela, Rui Falcão, o actual governador, numa das visitas à unidade sanitária, manifestou receio pelo facto de uma clínica privada funcionar no hospital público e tendo ao seu dispor igualmente o corpo médico e equipamentos. Num desses périplos, questionado pela imprensa sobre o caso, Falcão preferiu, na altura, não avançar as medidas que seriam tomadas, mas não descartara a possibilidade de vir a tomá-las oportunamente. Neste sentido, António Manuel Cabinda assegura que o sector vai adoptar políticas nessas unidades voltadas essencialmente para os utentes mais carenciados. Doravante, promete, serão unidades rentabilizadas e com gestão interna, uma vez que os hospitais públicos, recorda, devem prosseguir fins públicos, fortalecendo, deste modo, o sistema de Saúde, assegurando uma melhor assistência médica à população.
“Nós precisávamos de ter uma unidade que prestasse serviço diferenciado e que esse serviço servisse no sentido de ser uma enfermaria modelo onde as outras unidades podiam ir buscar a fórmula humanizada e diferenciada de tratamento aos utentes”, confessou o responsável. Nesta perspectiva, era pretensão do Gabinete Provincial rentabilizar aquela área do HGB e os benefícios aí arrecadados serviriam para apoios aos próprios utentes, fundamentalmente os mais carenciados da unidade. Entretanto, revela, com a privatização da área, os objectivos do Governo, previamente traçados, não foram efectivamente atingidos. A clínica cobra 4 mil kz por consulta, valor considerado exorbitante pelos utentes, e fontes sanitárias revelam que a unidade arrecada mensalmente 13 milhões de kwanzas em consultas e internamento.
Daí que haja toda uma necessidade de se rever as políticas até aqui implementadas relativamente à clínica “sendo que esta área gerida por outras unidades (AFRIVIDA) não se pôs de acordo com aquilo que era a nossa intenção e expectativa, há toda uma necessidade de o hospital geral buscar mecanismos de gestão interna que continuem com um processo de humanização, porque existe a diferenciação no atendimento e isso tem que ser extensivo a toda a unidade”, adverte o responsável, entendendo que, procedendo-se desse jeito, o hospital diminuiria o processo de compra de medicamentos. Refira-se que o Hospital Geral de Benguela integra serviços médicos em pediatria, ortopedia, oftalmologia, cirurgia geral, infecciologia, cirurgia plástica, ginecologia e obstetrícia, otorrinolaringologia, dispondo igualmente ainda de um centro cirúrgico, banco de urgência, laboratório de análises clínicas e de microbiologia, banco de consultas externas, de psicologia clínica, imagiologia e hemoterapia.