A província da Huíla registou um total de 12 casos de suicídio, no ano 2022, cujas vítimas são de idades que vão dos 18 aos 70 anos. Para o comando provincial dos Serviços de Protecção Civil e Bombeiros há a necessidade de criação de gabinetes de psicologia ao nível dos municípios. Os dados constam no relatório das actividades anuais realizadas pelo Comando Provincial dos Serviços de Protecção Civil e Bombeiros na Huíla.
De acordo com o documento que chegou à redacção do jornal OPAÍS, os casos de suicídios ocorreram nos municípios do Lubango, Jamba, Chibia, Quipungo e Quilengues.
Nesta lista, o município do Lubango, capital da província da Huíla, ocupa o primeiro lugar, com três casos, seguido dos municípios de Quipungo com igual número, Quilengues com dois, Gambos dois e Chibia também com dois casos. A porta-voz do comando provincial dos Serviços de Protecção Civil e Bombeiros na Huíla, sub-inspector Teresa Abel, defende a criação de gabinetes de psicologia em todos os municípios, e o diálogo franco entre as famílias.
Todos os casos foram por enforcamento com recursos a cordas, penduradas em árvores e barrotes no interior de residências das vítimas. Os homens lideram a lista das vítimas de suicídio, sendo que no mesmo período apenas uma mulher, na faixa dos 20 anos, tirou a própria vida, no Lubango. “Os conflitos familiares, questões passionais e perturbações mentais estiveram na base dos referidos suicídios. Por isso, há toda a necessidade de se começar a valorizar o trabalho do psicólogo, que, na nossa realidade, são quase inexistentes. As famílias devem dialogar mais e as igrejas intensificarem o seu trabalho”, disse.
Numa entrevista concedida ao jornal OPAÍS, o psicólogo Isaac Calenga revelou que poucas famílias huilanas têm a cultura de consultar um psicólogo quando estão com questões que necessitam da sua intervenção. Para se inverter o quadro, Isaac Calenga afirma ser necessário trabalhar na mobilização das famílias para que possam desenvolver esta cultura. “Poucas vezes recebemos uma ou duas pessoas nos nossos escritórios para uma consulta. É preciso dizer às pessoas, sobretudo aos jovens, que a vida não termina com o fim de um relacionamento, por exemplo”, alerta.