Mais de 80% dos casos que chegam ao Ministério da Acção Social, Família e Promoção da Mulher (MASFAMU) estão relacionados com a fuga à paternidade, seguido da violência física e abuso sexual contra a criança, segundo a chefe de departamento de igualdade do género, Joana Cortez Cardoso
O MASFAMU tem ensaiado diferentes mecanismos para ver solucionado a problemática da fuga à paternidade, tendo em conta que, mais de 80% dos casos que a sua instituição recebe está relacionado a este problema, a par do que o Instituto Nacional da Criança tem reportado. Joana Cardoso é de opinião que deve haver responsabilização criminal dos infractores, não apenas os que fogem à paternidade mas principalmente os que abusam sexualmente as crianças.
A chefe de departamento de igualdade do género, Joana Cor- tez Cardoso, que falava no conselho provincial da família, realizado na última semana pelo GPL, abordou a questão da “educação na perspectiva do género e cultura da paz”, tendo defendi- do que as responsabilidades de- vem ser repartidas entre homens e mulheres. “Não se admite que a falta de educação e o sentimento que se tem contra a criança nos leve a co- meter este mal. O menor abusa- do sexualmente, a sua maioria, se torna um adulto frustrado ou um potencial abusador”, frisou.
Na ocasião, o vice-governador para o sector Económico, Gilson Carmelino explicou que, a fuga à paternidade, para além do desemprego, é um grande mal que se precisa prestar muita atenção. Pelo facto, apela aos parceiros socias do Estado, bem como às igrejas para dedicarem uma atenção especial a esta situação. De acordo Gilson Carmelino, a família angolana tem de continuar a ser o melhor lugar para o indivíduo resgatar os valores culturais, mas alguns actos dos seus integrantes têm levado à perda destes bens.
A atenção também deve ser redobrada com as crianças, a sua inserção no sistema de ensino é primordial. Por causa disso, disse, foi aprovado recentemente o plano integrado de intervenção da província de Luanda, que prevê a construção de mais de 77 escolas, durante o quinquénio. Gilson Carmelino também falou sobre o ambiente, alertando ser necessário que se preserve o meio ambiente, caso almejamos ter famílias saudáveis.
Reforçar a educação para o entendimento
Por outro lado, Joana Cardoso afirma que actualmente a sociedade está a caminhar para a evolução, tento em conta que já se regista uma abordagem sobre o género de forma afincada. Entretanto, reconhece que seja preciso o reforço da sensibilização, ensinamento da educação para o entendimento, o respeito das diferenças e o equilíbrio do género. Fruto da construção social, do peso que caía sobre os ombros da mulher, no que toca às responsabilidades domésticas, ainda se regista desequilíbrio na atribuição dos papéis entre homens e mulheres.
“Em parte, já se regista uma maior presença do homem naquilo que tem a ver com as responsabilidades do lar”, sublinha. Por outro lado, Joana Cardoso reconhece ser necessário que se trabalhe na mudança de mentalidade, para o respeito às diferenças e para a divisão real dos papéis, sobretudo os domésticos.