A FNLA, ‘partido dos Irmãos’, que este ano celebra o centenário do nascimento do seu líder fundador, diz lamentar o facto de em Angola não se valorizar adequadamente a figura de Holden Roberto
Para os partidários da Frente Nacional de Libertação de Angola (FNLA), o primeiro líder angolano que propugnou uma solução armada para a independência foi Álvaro Holden Roberto, que nasceu no município de M’Banza Kongo, província do Zaire, a 12 de Janeiro de 1924. O sentimento anti-colonislista deste nacionalista, dizem, vem- lhe do avô, Miguel Nekaka, e do tio, Manuel Nekaka, também eles cultores de uma Angola livre do jugo colonial.
Em 1954, deu início à actividade política com a criação da União dos Povos do Norte de Angola (UPNA), assente na etnia Bakongo, e quatro anos depois, passou a designação para União dos Povos de Angola (UPA), de forma a retirar o movimento de uma conotação tribal e regionalista. Foi na qualidade de dirigente desta organização que participou, em 1958, na primeira conferência dos Povos Africanos, ocorrida no Gana, juntamente com outros líderes africanos como Julius Nyerere, Oliver Tambo, Frantz Fanon, Patrice Émery Lumumba, Kwame Nkrumah, Tom Mboya, Sam Nujoma, entre outros tantos. “Portanto, foram estes que, efectivamente, partilharam o trabalho com Holden Roberto e formaram o comité director daquele encontro para a libertação de África.
E alguns chegaram mesmo a governar os seus países”, afirmou Ndonda Nzinga, porta-voz da FNLA. Para este político, “infelizmente em Angola não se valoriza adequadamente a figura de Holden Roberto”. “Porque, verdade seja dita, o primeiro angolano a levantar a voz em grandes tribunas internacionais para a auto-valorização deste país é Holden Roberto”, sublinou. Na segunda conferência, ocorri- da em Janeiro de 1960, em Túnis, na Tunísia, aonde também participaram Viriato da Cruz e Lúcio Lara, já Holden Roberto era o mais antigo nacionalista angolano no mesmo evento, lembrou Ndonda Nzinga.
“Quem encarnou e conduziu a luta de libertação nacional foi Holden Roberto, e foi a FNLA que suportou o maior fardo da guerra colonial. Portanto, Angola precisa atribuir a este filho da terra o título de pai do nacionalismo angolano e conferir-lhe a valorização que merece”, afirmou.
Celebrações decorrem até ao próximo ano
O porta-voz da FNLA explicou ainda que as actividades alusivas ao centenário do líder fundador de- correrão até 12 de Janeiro do próximo ano. Para já, o que aconteceu em Luanda, no passado dia 12, na ex-Liga Africana, foi apenas a abertura das celebrações, estando em curso uma gama de eventos que políticos, sociais, desportivos e recreativos que se estenderão até 2024. No mesmo dia, decorreram, em Mbanza Congo, terra natal de Holden Roberto, duas palestras, sendo uma sobre o percurso da JFNLA, e a outra sobre a vida e obra daquele nacionalista. De acordo com Ndonda Nzinga, as actividades estão a decorrer muito bem, com uma adesão considerável do público.