Camponeses alegam que não recebem os 100 mil Kwanzas prometidos pela entidade gestora, em troca do trabalho agrícola que prestam ao projecto. A Gesterra, entidade gestora do projecto, por sua vez, diz que as 13 famílias foram assentadas a seu pedido, antes do prazo previsto, sem qualquer acordo entre as partes
Por: Milton Manaça
As famílias camponesas assentadas no projecto agrícola da Quiminha, situado no município de Icolo e Bengo, na província de Luanda, queixam-se de um alegado incumprimento contratual por parte da entidade gestora do projecto. Uma das descontentes, que falou a OPAÍS, é Raquel de Jesus Cunha, que entrou na Quiminha em Abril de 2017, onde recebeu uma residência e uma estufa de 500 metros quadrados.
Recebeu ainda uma área irrigada a céu aberto, de cerca de 1 hectar, para produção, sob promessa de lhe serem pagos 100 mil Kz mensais. Volvidos 10 meses, a mulher, de 68 anos de idade, declara que camponeses alegam que não recebem os 100 mil Kwanzas prometidos pela entidade gestora, em troca do trabalho agrícola que prestam ao projecto.
A Gesterra, entidade gestora do projecto, por sua vez, diz que as 13 famílias foram assentadas a seu pedido, antes do prazo previsto, sem qualquer acordo entre as partes
a Gesterra, a entidade gestora do projecto, não tem honrado os acordos firmados com os camponeses.
“Desde a altura que começamos a produzir, eles fazem a colheita, levam a logística e em troca dãonos apenas 2 mil kz por dia. Este é o dinheiro que serve para alimentação e para o nosso tratamento, quando estamos doentes, porque o centro médico não tem medicamentos”, explicou Raquel Cunha. Neste momento, residem na Quiminha 13 famílias camponesas, das 300 previstas, onde 150 a 200 serão assentadas até Outubro deste ano, segundo promessas feitas na última visita de jornalistas na área.
A reclamação vem também da parte do grosso de camponeses que garante a produção das cerca de 27 toneladas de bens diversos, residentes nos bairros adjacentes ao projecto. Entre outras queixas, apontam as condições de trabalho e a remuneração. É o caso de Pedro Carvalho, contratado pela Quiminha há dois anos.
Agora está integrado na área de hortícolas, onde o encontrámos a colher pimentos debaixo do sol abrasador, às 12:30h. Apesar de mostrar-se satisfeito por participar num dos maiores projectos agrícolas do país, Pedro de Carvalho requer maior valorização dos quadros que ali labutam, realçando que não lhes é dado o devido valor pelo trabalho que prestam.
“Conforme vêem, estamos a trabalhar sem uniforme, botas, luvas e com roupas impróprias. É assim de Segunda a Sábado”, lamenta o morador do Quilómetro 44, tendo acrescentado que o salário de 30 mil kz que aufere é irrisório para fazer face às necessidades actuais.