Passadas duas semanas desde a morte do pai e filho, supostamente por envenenamento, a família das vítimas continuam à espera dos resultados da autópsia para a realização do funeral. Acreditam num ‘vício’ e escrevem ao Presidente
O caso de que são vítimas Guilherme Dias da Graça, de 34 anos, e o filho Álvaro Figueiredo da Graça, de 3 anos, por, supostamente, terem ingerido comida envenenada, que terá sido feita pela mulher da primeira vítima, Romualda Dias dos Santos, esta que morreu, quase uma semana depois alegadamente nas mesmas circunstâncias, ainda não foi esclarecido.
Até ao momento, tanto a família das duas primeiras vítimas, quanto a família da segunda vítima, esperam pelos resultados das autópsias. Entretanto, informações preliminares dos familiares das primeiras vítimas dão conta de que se trata de uma substância estranha, o material foi enviado à África do Sul e espera- se o resultado.
Os familiares de Guilherme, segundo confirmou a OPAÍS o seu irmão, Adilson, escreveram uma carta aberta dirigida ao Presidente da República, João Lourenço, por acreditar que o processo esteja “viciado”, por a demora no seu esclarecimento ser disso um indício.
As alegações de vícios no processo aparecem também pelo facto de Romualda, que era apontada como principal suspeita, ter na sua família altas patentes das FAA e da Polícia de Ordem Pública, segundo a carta enviada ao Presidente, que estarão a influenciar para que o crime não seja esclarecido.
“A pergunta que não se quer calar é: que país é este onde o filho de camponês não tem acesso à justiça? Que país é este onde filhos de magnatas decidem quem pode viver e quem não pode. Sociedade, utilidade pública, Assembleia Nacional, queremos resposta”, lê-se na carta a que tivemos acesso.
E para fechar, os remetentes citaram as palavras do próprio Presidente, aquando de um dos seus discursos, que “ninguém é suficientemente rico que não possa ser punido, nem pobre demais que não possa ser protegido”.
O documento, até ao fecho desta edição, não tinha resposta da presidência, segundo os familiares. Importa frisar que a jovem Romualda, que estava a ser acusada pela família do seu marido de ter colocado veneno no alimento por si confeccionado, do qual comeram pai e filho, tendo estes sucumbido no local, também perdeu a vida, por envenenamento, segundo uma de suas tias.
Para a tia da jovem, o veneno, segundo o que lhe confidenciou Romualda, à beira da morte, terá sido colocado no caldo feito pelo marido. Assim, ao que parece, depois de acusada, passou à condição de vítima, bem como o filho do casal, de um ano, que também está hospitalizado, supostamente por ter ingerido o mesmo caldo envenenado.