Fora os jardins zoológicos que são considerados praticamente “carta fora do baralho”, a cidade capital não tem jardins botânicos, apesar da importância destes para o meio ambiente. A directora do Instituto Nacional da Biodiversidade e Conservação (INBC) do Ministério do Ambiente, Albertina Nzuzi, alerta para a necessidade urgente de se ter estes espaços, enquanto o ambientalista Francisco Lopes lamenta o desaparecimento dos poucos que Luanda tinha e que coloca a oxigenação da cidade em risco
Os jardins zoológicos cumprem um importante papel para a conservação das espécies, a educação do público e a investigação científica. A par disto, os jardins botânicos têm praticamente mesma importância e servem de espaço para a renovação do oxigénio por causa da poluição causada pelo homem.
Se fica difícil, para uns, a cidade de Luanda voltar a ter jardim zoo- lógico, tendo esta missão sido atribuída apenas aos parques nacionais, para outros não devia existir o mesmo nível de dificuldade a criação de jardins botânicos, dada a sua importância para o meio ambiente.
Para a directora do Instituto Nacional da Biodiversidade e Conservação (INBC) do Ministério do Ambiente, Albertina Nzuzi, Luanda precisa mais de jardim botânico do que de um zoológico. O primeiro jardim, além de promover a pesquisa, a conservação e a preservação da diversidade florística do país, ajuda na educação ambiental compatível com a finalidade de difundir o valor multicultural das plantas e sua utilização sustentável.
A responsável inclui ainda no leque de valências do jardim botânico a mitigação dos efeitos das alterações climáticas. Segundo ela, a biodiversidade nacional é bastante estudada e, infelizmente, pouco divulgada. “Inicialmente, Angola não precisa de investir em zoológicos. Temos de nos concentrar no objectivo principal de protecção da biodiversidade em áreas de conservação ambiental”, sublinhou Albertina Nzuzi.
Parques Nacionais fazem a vez do zoológico
Sobre o zoológico, aquela responsável disse que o objectivo principal é a conservação da biodiversidade local, a utilização e promoção de outras espécies exóticas e carismáticas, sendo que as espécies mais utilizadas e manti- das em cativeiro são leões, chitas, crocodilos, rinocerontes, girafas, zebras, chimpanzés, jibóias, avestruz, macacos, entre outros. A directora de Biodiversidade e Conservação adianta que a cidade de Luanda beneficia de uma área de conservação ambiental, a 70 quilómetros da urbe, o Parque Nacional da Quiçama, que pode ser utilizada para o exercício de investigação científica, programas de educação ambiental, lazer e recreação.
“Felizmente, Luanda está bem servida com o Parque Nacional da Quiçama, que pode ser bem divulgado com os incentivos nos programas escolares de visitas e contacto com a natureza”, realçou, acrescentando que “ já tivemos nesta cidade um jardim zoo- lógico, que estava sob a responsabilidade do Governo provincial, mas por falta de condições para a sua gestão foi desactivado e alguns animais foram transportados para África do Sul”.
Questionada se um particular ou uma associação já solicitou a criação de um jardim botânico ou zoológico, a directora disse que existia uma iniciativa do Governo da província do Bengo, no ano de 2015, em criar um zoológico, mas até agora não foi efectivada. Entretanto, a maioria das intenções de implementação de projectos de gestão da vida selvagem tem-se associado a resorts, com um espaço dedicado à gestão da fauna selvagem para lazer, diversão e educação ambiental.
Procedimentos para a criação do jardim zoológico
Para a abertura de zoológicos devem ser observadas exigências do Ministério do Ambiente, como o projecto técnico, cópias da autorização prévia, dos documentos de identificação do representante legal pelo empreendimento e declaração de capacidade económica, com base em estudo de viabilidade financeira de manutenção do empreendimento ou actividade.
Deve ainda apresentar a responsabilidade técnica de médico veterinário e biólogo responsável pelo empreendimento, assistência veterinária permanente de acordo com o tamanho do plantel, protocolo de pedido de licen- ciamento ambiental e parecer favorável do Ministério e da Administração Municipal quanto à localização do empreendimento.
No projecto arquitetónico deve conter croquis de acesso à propriedade, planta de situação, planta baixa e de cortes em escala compatível com a visualização da infra-estrutura pretendida, memorial descritivo das instalações e edificações presentes no empreendimento, cronograma físico da obra, elaborado por profissional competente, identificação dos recintos de acordo com as espécies pretendidas com indicação da densidade máxima de ocupação por recinto e medidas higiênico-sanitárias estruturais.