Mais de quatro dezenas de projectos de auto-emprego cadastrados pela Associação dos Empreendedores da Huíla aguardam por um financiamento das instituições locais para o seu arranque
Por: Domingos Bento
Os empreendedores da província da Huíla, ligados aos mais variados ramos de actividades, estão agastados com a falta de financiamentos, apoios aos seus projectos e da burocracia que se regista durante o processo de legalização de empresas a nível daquela região no Sul do país.
São jovens residentes em vários municípios da província que dispõem de projectos de capital importância a serem implementados, que podem fomentar o auto-emprego e garantir a independência financeira dos proprietários e a melhoria das condições sociais das suas famílias.
Até ao momento, são mais de 40 projectos inscritos na carteira de da Associação dos Empreendedores na Huíla, que não avançam, na prática, por falta de apoios dos bancos, do Governo Provincial e de outras instituições da vida económica e social da província. Dentre os mais de quarenta projectos parados, por falta de financiamentos, constam os dos sectores de actividade da construção civil, hotelaria, restauração, agricultura, informática e agropecuária.
Este último apontado como a mais notável actividade da província. Rogério da Cunha, vice-presidente da Associação dos Empreenderes da Huíla, fez saber que a falta de apoio à classe deriva da ausência de confiança que os bancos têm sobre estes. Uma atitude que, no seu entender, é reprovável por constituir um potencial factor de atraso ao tão propalado programa de diversificação económica que, por todo o país, é bastante referenciado.
Para o responsável, a atitude das instituições locais não faz sentido porque estas dispõem de todos os mecanismos legais para verem cumprir os contratos em caso de incumprimento dos devedores. Conforme explicou, a sua agremiação conta com cerca de 100 micro iniciativas registadas. Destas, apenas 30 estão em plena actividade. Já as outras deixaram de funcionar por falta de financiamentos, oportunidade de trabalho e de outros apoios indispensáveis à continuidade da criatividade juvenil.
Exclusão Rogério
Cunha mostrou-se ainda indignado com o comportamento de certas instituições que, quando necessitam de um serviço, preferem requisitar os trabalhos de em preendedores de Luanda, o que fica até muito mais caro do que darem oportunidade aos criadores locais. “Temos a nível da província pequenos trabalhos que os empreendedores locais podem fazer.
Mas as instituições locais preferem entregar aos criadores de Luanda. Por exemplo, não é correcto que um micro empreendedor vem da capital do país para fazer protocolo, quando temos aqui pequenas iniciativas do género. É lamentável”, deplorou.
De acordo ainda com Rogério Cunha, a falta de apoio às iniciativas locais tem vindo a fazer com que muitos jovens desviam-se do caminho do bem para enveredarem às práticas erradas. Por esse motivo, apontou, vê-se um crescente nível de delinquência juvenil na província que devia ser combatida não só com acções de penalização, mas sobretudo com o apoio as pequenas iniciativas que possam ocupar jovens desocupados.
“Se já é muito complicado arranjar emprego na província, então o governo devia aproveitar as pequenas iniciativas dos jovens e estimular assim o crescimento do auto emprego. Mas infelizmente somos abandalhados”, frisou. Por seu turno, António Santos, empreendedor, disse já ter feito várias diligências no sentido de encontrar financiamentos para os seus projectos, mas todos os esforços caiaram no vazio.
A empreender no sector da tecnologia e informática, o mesmo disse que, apesar de não ter financiamentos, consegue, do esforço próprio, empregar outros jovens que outrora não tinham oportunidade de emprego naquela província muito dependente das iniciativas estatais Para António Santos, caso as instituições das províncias tivessem interesse em financiar e apoiar pequenas actividades, o quadro de jovens atirados ao desemprego não podia ser assim tão crítico, com centenas de cidadãos locais a emigrarem para outras localidades vizinhas como o Namibe e o Cunene em busca de oportunidades que a terra natal não oferece.
“Com excepção do Banco Sol, que tem apoiado alguns projectos, outras instituições fecham-nos as portas. Para financiar projectos de jovens, os bancos olham para onde vens e a que família pertences. Não há transparência nos processos de selecção. É tudo à base da cunha. Por isso é que muitos de nós prefere emigrar para outros locais porque as coisas aqui são muito difíceis”, lamentou.