Um total de catorze angolanos encontram-se presos na Etiópia, por suposto envolvimento no tráfico internacional de drogas, e a falta de acordo de extradição entre os dois países tem complicado a situação deles, revelou, ontem, em Adis Abeba, o embaixador de Angola, Francisco da Cruz.
O embaixador Francisco da Cruz disse que os cidadãos angolanos foram presos no Aeroporto Internacional de Adis Abeba, por estarem envolvidos no tráfico internacional de drogas. São angolanos, na sua maioria provenientes do Brasil, que utilizaram o Aeroporto Internacional de Bole, carregando suposta droga, com o objectivo de fazer chegar o produto à capital do país, Luanda. “É uma situação preocupante e, neste momento, te- mos 14 cidadãos angolanos nesta condição, sendo sete homens e igual número de mulheres”, precisou.
O diplomata indicou que este número tende a aumentar, notando que, recentemente, uma cidadã angolana foi condenada na Etiópia por tráfico de drogas com pena de 12 anos, uma situação que disse requer uma certa atenção da parte das autoridades angolanas. “Enquanto Embaixada, a nossa responsabilidade é prestar todo o apoio consular necessário e, dentro do possível, ver com as autoridades etíopes a melhor forma de lidar com este assunto”, enfatizou.
O embaixador Francisco da Cruz falou, segundo a Angop, da necessidade de uma cooperação ao nível dos dois Estados no tratamento desta questão, quer do ponto de vista preventivo, quer daqueles que já estão a contas com a justiça. “Talvez pensar numa possível extradição de alguns deles para o cumprimento das suas penas em território nacional”.
Angola não tem acordo de extradição de reclusos com a República Federal Democrática da Etiópia, o que tem complicado a situação dos angolanos detidos nesse país. Desde o estabelecimento das relações diplomáticas, Angola e Etiópia assinaram poucos acordos de cooperação, com excepção para as áreas dos serviços aéreos e de comércio.
Os dois governos rubricaram o Acordo de Serviços Aéreos Bilaterais em Maio de 1977, complementado por um Memorando de Entendimento, em Setembro de 1998, para permitir às respectivas companhias aéreas (TAAG e Ethiopian Airlines) desenvolverem serviços diários de passageiros e de carga entre as duas capitais. Este instrumento jurídico estabeleceu, também, o princípio da revisão e assinatura do Acordo de Serviços Aéreos. Luanda e Adis Abeba mantêm cinco frequências de voos semanais com aviões da Ethiopian Airlines.