Para o efeito, vão ser recadastrados, num período de 90 dias, a começar esta Segunda-feira, os verdadeiros antigos combatentes que vão passar por um processo de “prova de vida”, o que vai permitir separar os falsos dos reais
O Executivo, por via do ministério dos Antigos Combatentes e Veteranos da Pátria, inicia, a partir de hoje, o processo de retirada dos falsos antigos combatentes da lista de pagamentos a nível de todo o país. Para o efeito, vão ser recadastrados, num período de 90 dias, a começar de hoje, os verdadeiros antigos combatentes que vão passar por um processo de “prova de vida”, o que vai permitir separar os falsos dos reais.
Para além de permitir a justa distribuição de rendas para aquele que realmente, em determina- dos períodos vividos no país, lutaram para a libertação nacional, a retirada dos falsos da folha de pagamentos vai dignificar os verdadeiros combatentes, como deu a conhecer o secretário de Estado para a Indústria Militar, Afonso Neto.
O país celebrou, ontem, o Dia dos Antigos Combatentes e Veteranos da Pátria, data memorável no que ao reconhecimento e melhoria da assistência social diz respeito a essa franja da sociedade, referiu o secretário de Estado. Entretanto, com o processo de recadastramento que inicia, o Executivo vai, assim, poupar recursos com a retirada de centenas de falsos antigos combatentes que auferem mensalmente subsídios de forma injusta.
De acordo ainda com Afonso Neto, a retirada dos “intrusos” vai, igualmente, dar um melhor enquadramento aos programas sociais. Entre os programas de reintegração, o secretário de Estado destacou a criação de cooperativas, políticas habitacionais, saúde e outros recursos postos à disposição do sector.
“Verdadeiros combatentes” saúdam iniciativa do Governo
A retirada dos falsos da folha de pagamentos chegou como uma “boa nova” para a Associação dos Antigos Combatentes da FNLA, que disse ser uma iniciativa “louvável” e que vai dignificar os verdadeiros. Em declarações a OPAIS, Lino Ucaca, presidente da referida associação, disse que a luta pela dignificação da classe é um desafio que a sua organização vem enfrentando há anos, desde o término do conflito armado, em 2002.
Segundo o lider associativo, a sua organização, que controla perto de 3 mil associados, saúda a iniciativa do Governo em retirar, da sua base de dados, os falsos antigos combatentes, mas atira toda a culpa ao Executivo por toda irregularidade que houve nos processos.
Conforme referiu, há anos que a sua instituição vem alertando o Executivo sobre a necessidade de se “passar um pente fino” a lista dos antigos combatentes por ter registado, ao longo dos anos, mui- tos fantasmas.
“Mas, ainda assim, os nossos alertas não foram tidos em conta. Agora, vamos aguardar que esse processo seja, efectivamente, transparente e sério porque é triste ver os falsos a se beneficiar e os verdadeiros combatentes a serem esquecidos”, apontou.
UNITA diz ser um “processo normal”
Já a UNITA, que há anos vem lutando para a reintegração de par- te dos seus antigos militares nas Forças Armadas Angolanas, entende o combate aos falsos antigos combatentes como sendo um processo que já devia ter sido feito.
O porta-voz do maior partido na oposição, Marcial Dachala, considerou, em declarações a OPAIS, o acto de recadastramento dos verdadeiros antigos combatentes como sendo um processo normal de um governo que se considera sério.
“A UNITA considera esse pro- cesso como sendo normal e próprio de um Governo sério. Vamos é esperar que haja transparência neste programa para o bem de to- dos aqueles que lutaram em defesa da pátria”, frisou.
MPLA apoia medidas de valorização dos antigos combatentes
Já o MPLA reiterou apoio incondicional às medidas políticas orientadas pelo Titular do Poder Executivo, que visam conceder dignidade histórica e social aos Antigos Combatentes e Veteranos da Pátria. De acordo com uma declaração do Bureau Político do Comité Central, o MPLA reconhece a importância do papel desempenhado, por esses veteranos, na luta de libertação nacional e demais conflitos armados, com realce para a Independência Nacional.